MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Um segredo se esconde por baixo das camisetas brancas usadas pelas jogadoras da Inglaterra na vitória da final da Eurocopa, no fim de julho --o primeiro título de uma seleção inglesa no futebol desde a Copa do Mundo de 1966.

Trata-se do top esportivo vestido por cada uma delas, resultado de um trabalho realizado nos bastidores pela professora de biomecânica Joanna Wakefield-Scurr, da Universidade de Portsmouth.

Segundo dados compilados por Wakefiekd-Scurr e sua equipe, tops apropriados podem aumentar a passada de uma atleta correndo em até 4 centímetros.

"Nossa pesquisa mostrou redução de atividade muscular na parte superior do corpo como resultado de um sutiã bem ajustado, o que significa que você poderá ir um pouco além antes de se cansar", afirmou a biomecânica, que enviou à reportagem dois estudos realizados em Portsmouth.

"Se você está fazendo um esporte e os seus seios estão se movendo muito, você acaba trabalhando muito a parte superior do corpo para tentar anular esse movimento", diz ela.

O Instituto Inglês de Esporte (EIS) também vem realizando avanços no desenvolvimento de tops esportivos.

"Apesar de o EIS não ter trabalhado diretamente com as Leoas [nome pela qual são conhecidas as jogadoras da seleção inglesa], é ótimo saber que a Associação de Futebol, assim como a EIS, está priorizando o trabalho na saúde das atletas, incluindo o dos sutiãs esportivos", disse a médica Pippa Bennet, diretora de serviços médicos do instituto e chefe do departamento médico para atletas da Associação de Futebol.

Após uma pesquisa com 70 voluntárias de elite, a EIS concluiu que 75% delas nunca sentiram que seus tops estavam bem encaixados. E 26% disseram sofrer dor nos seios o suficiente para que elas não conseguissem se esforçar 100%.

Assim, antes da Eurocopa, Wakefiekd-Scurr se reuniu com as Leoas e deu palestras a respeito dos movimentos dos seios no esporte.

Em seguida, elas tiveram suas medidas tiradas e falaram sobre os problemas que enfrentam em relação aos suportes que usam nos jogos. Wakefield-Scurr, então, escolheu tops específicos para cada uma.

"Foram sutiãs normais, que estão à venda nas lojas esportivas, mas percebemos que as jogadoras ficaram muito interessadas nas informações de como eles se encaixam em seus corpos, qual estilo seria o melhor. Há excelentes produtos à venda por aí, e as ajudamos a escolher melhor o que está nas prateleiras das lojas."

Existem basicamente dois tipos de top esportivo no mercado. Há os modelos de compressão que ajudam a diminuir o movimento dos seios ao apertá-los contra o peitoral. E há os chamados de encapsulamento, que possuem uma redoma de suporte individual para cada seio.

"Os mais comuns no futebol são os de compressão, e eles podem ser bastante efetivos para atletas com seios menores. Mas há alguns híbridos, como o que a jogadora Chloe Kelly aparece mostrando ao arrancar a camiseta na comemoração da final da Eurocopa. Parece um modelo simples, mas por dentro ele possui uma estrutura de suporte mais complexa", explica Wakefiel-Scurr.

O trabalho com as Leoas não foi o primeiro de Wakefiel-Scurr com os sutiãs esportivos. Na preparação para as Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio, no ano passado, a professora providenciou os melhores top possíveis para 112 atletas de 15 esportes diferentes.

Um mês depois, 87% delas afirmaram estar sentindo benefícios com as mudanças da vestimenta, enquanto 17% afirmaram que os novos sutiãs melhoraram suas performances esportivas.

"Trabalhando em conjunto com a equipe de Portsmouth, nós vestimos atletas com o tipo correto de top, pois se a maioria já utilizava o tamanho certo, muitas vezes não era o melhor tipo para aquela atividade em particular", conclui Anita Biswas, médica esportiva senior da EIS.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!