SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Para uma equipe que ganhou de tudo na primeira década dos anos 2000, qualquer coisa menos que o primeiro lugar dá a impressão de ser um retrocesso. Mas os tempos são outros, o cenário internacional do vôlei masculino está muito equilibrado, e a medalha de bronze conquistada neste domingo (11) no Mundial pela seleção brasileira é digna de comemoração.

Para chegar ao terceiro lugar, o Brasil precisou superar a Eslovênia e um histórico de fracassos em jogos assim, provocados por uma dificuldade de se reerguer depois de derrotas em semifinais. A vitória, em Katowice (Polônia), veio por 3 a 1, com parciais de 25/18, 25/18, 22/25 e 25/18. A equipe teve tudo para fechar o jogo em sets diretos, vacilou no terceiro, mas conseguiu se recuperar, muito graças a Wallace, que fez 10 pontos naquele que deve ter sido seu último set pela seleção brasileira.

O pódio é o sexto seguido somente em Campeonatos Mundiais. A equipe foi tricampeã entre 2002 e 2010, e vice em 2014 e 2018. Contando a derrota na semifinal desta edição, ontem, são três vezes seguidas que a Polônia impede o Brasil de conquistar o título. Nas duas primeiras, na final. Desta, na semifinal, porque a FIVB criou critério para beneficiar os donos da casa no chaveamento de mata-mata. Logo mais os poloneses jogam a final contra a Itália.

O Mundial comprova o equilíbrio do vôlei internacional. Nenhum dos três medalhistas de Tóquio chegou à semifinal desta vez: a França e a Argentina caíram nas quartas e a Rússia está suspensa. Vice-campeões da Liga das Nações, os EUA também ficaram pelo caminho.

Já o Brasil chegou duas vezes à semifinal, e acabou duas vezes disputando o bronze. Em Tóquio, abalado psicologicamente, perdeu da Argentina. Desta vez, conseguiu enfim acabar com um tabu. Até então, havia perdido todas as decisões de terceiro e quarto em grandes eventos: três em Mundiais (1986, 1990 e 1998) e duas em Olimpíadas (1988 e 2020).

A campanha deve assegurar a continuidade do trabalho de Renan Dal Zotto, que vinha sendo muito criticado. Sob o comando dele, o Brasil só não ganhou da Polônia, na casa deles, e por muito pouco. De resto, venceu seis jogos, apesar dos desfalques de Alan, Isac (no Mundial todo) e Lucarelli (na final e no set decisivo na semifinal).

Além disso, a campanha recupera a moral de Leal, que deve terminar o Mundial como maior pontuador do torneio, e dá um passo importante no processo lento de renovação da equipe. Cachopa jogou como titular a maior parte do Mundial (ainda que Bruninho tenha entrado muito bem quando chamado, como hoje), Rodriguinho teve participações importantes, e Adriano foi bem nesta disputa pelo bronze, apesar de demonstrar ainda alguma irregularidade.

JOGO

Sem poder contar com Lucarelli, que se sentiu lesão muscular no fim do quarto set da semifinal, ontem, Renan inicialmente escalou Rodriguinho como titular. Mas não demorou a voltar atrás, diante de um início ruim da seleção brasileira. O ponteiro estava bem marcado, e Cachopa não conseguia encontrar Leal.

Os dois saíram para as entradas de Bruninho e Adriano, e o time melhorou, assumindo a liderança do placar na passagem de Lucão pelo saque. Foram sete pontos seguidos do time brasileiro, que abriu 21 a 18 e partiu para fechar o set.

O segundo set foi bem mais tranquilo, muito porque o bloqueio do Brasil funcionava melhor que da Eslovênia. E Leal, que tem tudo para estar na seleção do campeonato, virava uma bola atrás da outra.

Foram seis pontos só no segundo set, que ajudaram ele a provavelmente fechar o campeonato como maior pontuador do Mundial, uma vez que Leal chegou a este domingo com 14 pontos a mais do que o polonês Kurek, que ainda joga a final.

Liderado pelo cubano naturalizado, o Brasil tinha tudo para fechar a partida no terceiro set. Chegou a abrir 15 a 9, mas sucumbiu na rede de dois, a mais fraca da seleção. A Eslovênia pulou à frente por 16 a 15, usou e abusou dos saques em Adriano, que se desestabilizou emocionalmente, e acabou fechando o set sem grandes dificuldades.

O quarto set também começou todo para os europeus, com muitos erros do Brasil, que chegou a ficar quatro pontos atrás, mas foi buscar arriscando no saque e marcando bem no bloqueio. Só Lucão, craque do jogo, fechou a partida com cinco pontos no fundamento. O maior pontuador do jogo, porém, foi Wallace, com 22 pontos, sendo dez só no último set.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!