LONDRES, REINO UNIDO (UOL/FOLHAPRESS) - O chefe da Red Bull, Christian Horner, acredita que Toto Wolff e a Mercedes se sentem ameaçados pela independência política da sua equipe, e por isso o clima entre os times ficou tão quente durante a disputa do campeonato de 2021 da Fórmula 1. Para o britânico, a expansão da Red Bull Powertrains, divisão de motores da equipe que neste ano domina a temporada, foi um fator importante que motivou a reação da Mercedes nos bastidores.

"Estamos em um esporte muito competitivo e havia muita coisa acontecendo na pista e também muita coisa fora da pista, já que estávamos estabelecendo a Red Bull Powertrains. Acho que Toto sempre viu a Red Bull como uma ameaça, como a equipe a qual eles nunca conseguiram controlar ou ter alguma influência sobre. Sempre fomos independentes", lembrou Horner em entrevista ao podcast oficial da F1.

"Foi muito intenso porque tinha muita coisa acontecendo. Pessoas importantes da Mercedes estavam saindo de lá para se juntarem à Red Bull Powertrains e havia muito lobby em cima da FIA, usando componentes do carro e os pilotos para fazer isso. Foi assim como as nossas asas traseiras em Barcelona, enquanto as dianteiras [da Mercedes] podiam se flexionar sem problema algum. A sensação era de que eles estavam jogando um pouco com a gente. Também havia um circo na mídia que estava sendo usado. Era toda uma narrativa que estava sendo criada contra a Red Bull que eu senti que foi um pouco injusta. E também contra Max, o que foi muito injusto."

Perguntado sobre a rivalidade entre Verstappen e Hamilton, que se estranharam algumas vezes durante o ano - as mais marcantes delas, no GP da Grã-Bretanha, em caso citado por Horner, e mais adiante no GP da Itália - o chefe da Red Bull acredita que seu piloto foi desestabilizando mentalmente o rival ao longo do ano.

"Acho que isso entrou mais na cabeça do Lewis, porque ele é um heptacampeão do mundo, enquanto o Max é esse garoto que está assumindo os riscos e está apostando tudo, sem nada a perder. Algumas ultrapassagens que ele fez ano passado foram sensacionais, e ele acha que isso começou a irritar Lewis. Depois que Lewis fez a pole em Silverstone e Max ganhou a sprint, dava para sentir que ele estava frustrado. E se Max tivesse passado pela Copse, não acho que eles teriam se encontrado de novo naquela tarde. Foi quase um desespero que foi aumentando. Muita coisa estava em jogo e as emoções estavam à flor da pele. Mas isso afetou mais Lewis do que Max, porque ele tinha mais a perder", avalia Horner.

"Não dá para não respeitar Lewis, com tudo o que ele conquistou e que é possível que nunca seja batido. Mas todos podem ser derrotados em algum momento. Max respeitava Lewis, mas não tinha medo dele. Não tinha medo de disputar com ele e, na verdade, gostava muito de correr contra ele. No fundo, sabia que podia batê-lo e foi essa crença e autoconfiança que vimos transparecer em várias ocasiões."

A temporada 2021 pode ser considerada a mais disputada da história da F1, uma vez que Verstappen e Hamilton chegaram empatados à última etapa e o campeonato estava aberto até a última volta, quando o holandês ultrapassou o inglês após um polêmico período de Safety Car e foi campeão pela primeira vez.

A F1 mudou radicalmente seu regulamento técnico em 2022, e a Red Bull fez um carro bem superior ao da Mercedes, que ainda não venceu nesta temporada e foi superada também pela Ferrari. Mas o favoritismo é todo de Verstappen, que pode ser campeão já na próxima etapa, o GP de Singapura, no início de outubro. Faltam seis GPs para o final da disputa.