SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Tite usou o aumento do número de convocados para reforçar o poder ofensivo da seleção brasileira. Por causa da perspectiva do calor e tempo seco no Qatar, a Fifa autorizou, pela primeira vez, que as listas das seleções tivessem 26 nomes. Nos outros torneios eram 23.

Se foram três goleiros, quatro laterais, quatro zagueiros, três volantes e três meias, como o usual, o técnico apostou tudo no ataque: nove nomes.

Os principais beneficiados foram Rodrygo, Pedro e, principalmente, Martinelli, que poderiam não ser chamados se os inscritos fossem os usuais 23.

Para o Mundial de 2018, foram cinco atacantes chamados. Mesmo número do torneio no Brasil, em 2014.

Éverton Ribeiro também foi "beneficiado" mas, neste caso, pela contusão muscular sofrida por Philippe Coutinho, o "Couto", como gosta de chamá-lo Tite. Apesar de seu desempenho ter caído nos últimos anos, o treinador o via como jogador importante. Apostava que, cercado pelas demais peças ofensivas da seleção, voltaria a atuar bem.

"Eu quero bater em uma tecla de equilíbrio. É fundamental na vida, não só no esporte. Há uma geração de atletas de alto nível que está se convocando. Eles estão buscando, com desempenho alto", disse ele, com seu jeito de tentar explicar, com outras palavras, que a lista dependeu do desempenho dos jogadores nos últimos quatro anos.

A ideia é ter um ataque versátil, capaz de fazer diferentes funções no decorrer da partida e dar opções táticas. Isso não se aplica a Neymar, que tem liberdade quase total em campo. Mas vale para Raphinha e Martinelli, por exemplo, que podem atuar pelos lados do campo ou na função de 10, na ligação do meio com o ataque.

Pedro oferece uma possibilidade diferente. Entre os nove atacantes, é quem tem mais característica de centroavante de área.

"Equilíbrio", bateu na tecla Tite.

Isso pode explicar ausência de atacantes que tiveram, no último ciclo desde 2018, desempenhos bem mais relevantes do que alguns dos convocados. Como o esquecido Gabigol, do Flamengo, por exemplo.

Outros nomes, contestados ou não, já eram esperados. Tite construiu uma relação de confiança com Richarlison e Gabriel Jesus e não os deixaria fora. Mesmo que o avante do Tottenham Hotpsur tenha sofrido contusão recente. Eles não foram surpresas. Martinelli, sim.

"Tem sido um dos destaques do Arsenal na primeira colocação da Premier League, um jogador de lance individual, de transição em velocidade. Poderiam ter outros convocados e existem argumentos para outros. São escolhas. Precisamos de jogadores agudos pelos lados", explicou Tite.

Explicar foi o que ele mais teve de fazer sobre Daniel Alves. Uma escolha que comprometeu o discurso do próprio treinador sobre "geração de atletas de alto nível que estão se convocando". De passagem apagada pelo México e sem brilhar no Barcelona, a explicação encontrada foi a de ser um jogador capaz de agregar ao grupo como líder. Será o terceiro mundial do lateral, que não foi à Rússia, há quatro anos, por causa de lesão.

Tite já sabia que a escolha seria contestada. Era um comentário comum na sede da CBF nas semanas antes da lista ser divulgada. Daniel Alves, que aprimora a parte física no Barcelona B, já imaginava que o chamado chegaria.

Mas o anúncio do seu nome fez com que o comandante, seu auxiliar César Sampaio e o preparador físico Fábio Mahseredjian saíssem em defesa do veterano que, aos 39 anos, será o mais velho a disputar uma Copa do Mundo pela seleção brasileira. O recorde anterior era do também lateral Djalma Santos, que foi à Inglaterra, em 1966, aos 36 anos.

"Ele é fantástico, comprometido com o novo, mobiliza o entorno", disse Sampaio. "É um cara que tenho como referência dos que convivi como atleta e agora como gestor técnico. Eu também tive a dúvida que vocês tiveram, pelo nível do campeonato que estava disputando e pelo melhor Dani que tivemos e ele mais uma vez me surpreendeu.

Ajudou seu chamado o fato de que, à exceção do titular Danilo, não há outro lateral direito que possa ser considerado incontestável.

O mesmo vale para a esquerda, onde Alex Sandro deverá ser titular. Alex Telles teve uma temporada ruim no Manchester United, mas acabou chamado. Mas na ala canhota não há um Daniel Alves.


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