SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Qatar recebeu uma enxurrada de críticas hoje (18) depois que o governo local avisou a Fifa que será proibido o consumo de cerveja no entorno de estádios da Copa do Mundo 2022. Esta é apenas uma das medidas que ainda traz receio de como será a recepção a pessoas de todo o mundo com costumes absolutamente diferentes do país do Oriente Médio.

Em entrevista ao jornal "As", da Espanha, Hassan Al Thawadi, secretário-geral da Copa, deu uma declaração forte e disse que é o Qatar que sofre com preconceitos.

"Na noite de domingo (20), em Al Khor, um momento histórico do mundo árabe ficará registrado na história, quando Qatar e Equador abrirem a Copa do Mundo. A cerimônia de abertura e o pontapé de saída vão pôr fim a um longo e por vezes árduo percurso de 12 anos desde que nos foi concedido o direito de sediar pela primeira vez na nossa região o maior evento do mundo", começou o secretário. Em seguida, ele foi mais incisivo.

"Esta Copa do Mundo é provavelmente a mais comentada, antes mesmo de uma bola ser lançada. É lamentável que muitos desses comentários tenham se desviado para abraçar a desinformação, rejeitando profundidade. Muitas vezes sofremos com racismo, preconceitos e estereótipos de longa data sobre o Oriente Médio e o mundo árabe", afirmou.

O receio do mundo ocidental se dá por conta dos costumes bem diferentes em relação ao Qatar. No país da Copa, por exemplo, não é normal que casais héteros tenham atos de carinho publicamente; quando a relação é entre pessoas do mesmo sexo, a estranheza é ainda maior, e pode gerar repressão por parte de locais e policiais. Ainda assim, a organização insiste que todos são bem-vindos no Mundial organizado pela Fifa.

O próprio secretário-geral da Copa disse que o Qatar está preparado para receber pessoas de todos os países e que a Copa é um momento de união.

"No clima global atual, devemos valorizar essas raras oportunidades de união. A beleza da Copa do Mundo é que ela atrai pessoas de todos os cantos do mundo, de todas as esferas e estilos de vida, e deixa um legado de amizade e compreensão que derruba mal-entendidos, preconceitos e estereótipos", disse Hassan Al Thawadi.

"Apesar de ter quem acredita que o Qatar e o mundo árabe não são receptivos, os fatos sugerem que as pessoas discordam: 97% dos ingressos foram vendidos. O Reino Unido está entre os cinco principais mercados dessas vendas. Estamos entusiasmados em receber as pessoas e compartilhar a cultura de hospitalidade que prezamos como qataris e árabes. Temos orgulho de quem somos e dos valores que defendemos. Somos uma nação que sempre defendeu a abertura, o diálogo entre os povos e a união dos povos. Esses valores são a essência da Copa do Mundo."

Internet - Hassan Al Thawadi, secretário-geral da Copa do Mundo

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