DOHA, QATAR (UOL/FOLHAPRESS) - Gabriel Jesus vestiu a camisa 9 da seleção e saiu sem gols da Copa do Mundo 2018. Nas redes sociais, virou "Gabriel Jejum". Quatro anos antes, Fred fez um gol em seis jogos, deixou o Mundial com o apelido de cone e levou um tempo até se desvencilhar dele. Agora, no Qatar, o responsável por levar nas costas o tradicional número dos centroavantes é Richarlison.
O cenário recente contraria a tendência histórica do Brasil em Copas. Os donos da camisa 9 são os maiores responsáveis pelos gols da seleção ao longo dos mundiais, com 42 bolas na rede. Os camisas 10 fizeram 38.
"Quando você veste a camisa 9 a primeira coisa que vem na cabeça é fazer gols", disse Richarlison, em entrevista após o treino desta segunda-feira (21), em Doha.
O próprio Jesus está entre os convocados para a Copa do Qatar, mas há pouco tempo ficou mais de dois anos sem fazer gols pela seleção. Na numeração, deixou de ser 9 e virou 18. Também perdeu a titularidade. Atualmente, embora tenha começado bem a temporada pelo Arsenal na Premiere, já está há 11 jogos sem balançar as redes. Outro concorrente para a posição é Pedro, que tem dois jogos na era Tite e um gol.
Richarlison, por sua vez, tem uma relação intensa com a seleção. Já disse até que joga melhor quando defende o Brasil do que o seu próprio clube. O desempenho recente o credencia a quebrar a "maldição" de atuações pouco convincentes dos camisas 9 das duas Copas anteriores. Nos últimos seis jogos (dois pelas Eliminatórias e quatro amistosos), foram seis gols.
"Graças a Deus eu tenho bastante gol com a camisa da seleção jogando como 9. Com esses companheiros que tenho no ataque, creio que os gols vão sair naturalmente. Claro que na última Copa a gente viu o esforço do Gabriel Jesus, o papel importante que ele fez na equipe, mas a cobrança vem porque ele é o 9. E o 9 tem que marcar gols. Essa cobrança é normal, acontece aqui e no meu clube, levo isso como normal. Querendo ou não, com a camisa da seleção eu faço bastante gol e creio que não vai ser diferente", comentou o atacante da seleção.
Richarlison esteve entre os 12 jogadores da seleção que durante a manhã estiveram no estádio Lusail, palco da estreia contra a Sérvia, quinta-feira (24), e já sentiu o ambiente:
"Já fiz um gol, tinha uma bola lá e fiz um gol".
"Richarlison é gol" é uma frase que sai com frequência da boca de Tite. Na data Fifa antes da Copa, em março, na França, o técnico até se surpreendeu positivamente com o chute certeiro diante de Gana. O passe em direção ao atacante, que estava na entrada da área, parecia despretensioso. Richarlison, então, deu um tapa de primeira no canto do goleiro.
Richarlison é um estreante em Copas do Mundo e, a cada entrevista, não esconde a ansiedade. No celular, a imagem da taça do Mundial para mentalizar a cada instante o objetivo. E ele também tem um pezinho em superstição para não perder a boa fase com a Amarelinha. Embora tenha feito o corte de cabelo "anti zica", com uma folha de arruda na lateral, ele não vai abrir mão do estilo Zeca Urubu, um personagem do desenho Pica-Pau.
"É o corte do gol", resumiu.
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