DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - No jogo de maior preocupação com segurança até agora na Copa do Mundo, com chapéus com as cores do arco-íris confiscados na entrada, Estados Unidos e País de Gales empataram por 1 a 1 nesta segunda-feira (21), no estádio Al Rayyan. A partida foi válida pelo grupo B.
O gol norte-americano foi marcado por Timothy Weah, 22. Ele é filho do atacante liberiano George Weah, eleito melhor do mundo em 1995. O astro galês Gareth Bale empatou de pênalti.
Seguranças do estádio solicitaram que torcedores galeses tirassem chapéus da organização LGBTQIA+ The Rainbow Wall (o muro do arco-íris, em inglês), feitos para promover inclusão e igualdade de gênero no esporte.
Para a Fifa e os organizadores da Copa no Qatar, trata-se de uma manifestação política, o que não é permitido nos estádios do Mundial.
Esta é uma preocupação antiga quanto à organização do torneio. Homossexualidade é considerada crime no Qatar. Manifestações de afeto em público não são permitidas também entre homens e mulheres.
Em entrevista à Folha de S.Paulo no início de 2020, o secretário-geral do Supremo Comitê da Entrega e do Legado, Hassan Al Thawadi, pediu que as pessoas que viessem ao país estivessem abertas a se adaptar à cultura local.
Nesta segunda, as federações de países europeus que estão na Copa foram avisadas que o uso durante os jogos da braçadeira de capitão com a expressão One Love poderia resultar em cartão amarelo.
Trata-se de outra campanha iniciada pela Federação Holandesa, que quer unir todos os torcedores no amor pelo futebol.
"Os seguranças me disseram que o arco-íris é um símbolo banido dos estádios. Eu insisti e disse que no meu país nós somos apaixonados pela igualdade entre as pessoas. Ouvi que se não tirasse meu chapéu, não poderia entrar no estádio", disse Laura McAllister, ex-jogadora e capitã da seleção feminina do País de Gales, para a emissora britânica ITV.
A The Rainbow Wall confirmou ter recebido reclamações de vários torcedores que não conseguiram entrar no Al Rayyan sem tirar o acessório.
Seguranças do estádio não quiseram falar sobre o assunto com a reportagem. A Fifa e a organização da Copa não se pronunciaram.
A partida teve esquema de segurança não visto em outras por causa da presença norte-americana. Os carros que chegavam eram revistados com espelhos para verificar se não havia bombas no assoalho. Um helicóptero sobrevoava o local até minutos antes do apito inicial.
Em campo, os Estados Unidos foram superiores no primeiro tempo, abriram o placar aos 36 minutos e poderiam ter feito mais gols.
País de Gales, que fazia sua primeira partida em Mundiais desde 1958, equilibrou na etapa final, especialmente após a entrada do atacante Moore.
Bale, principal nome do futebol galês e que atua na MLS (Major League Soccer, a liga profissional de futebol dos Estados Unidos) teve atuação apagada, mas foi o responsável pelo empate. Ele converteu pênalti aos 36 da etapa final.
Na próxima sexta-feira (25), pelo grupo B, País de Gales enfrenta o Irã. Os norte-americanos jogam contra a Inglaterra.
EUA
Turner; Sergiño Dest (Deandre Yedlin), Zimmerman, Robinson e Ream; Adams, Musah (Kellyn Acosta) e McKennie (Brenden Aaronson); Pulisic, Weah e Sargent (Haji Wright). T.: Gregg Berhalter
PAÍS DE GALES
Hennessey; Davies, Mepham e Rodon; Neco Williams (Brennan Johnson), Ramsey, Roberts e Ampadu; Wilson, Bale e Daniel James (Kieffer Moore). T.: Rob Page
Estádio: Al Rayyan Stadium, no Qatar
Árbitro: Abdulrahman Al Jassim (QAT)
Assistentes: Taleb Al Marri (QAT) e Saoud Almaqaleh (QAT)
VAR:Abdulla Al Marri (QAT)
Cartões amarelos: Sergiño Dest, Weston McKennie e Tim Ream (EUA). Gareth Bale e Chris Mepham (GAL)
Gols: Timothy Weah (EUA), aos 35' do 1ºT; Gareth Bale (GAL), aos 36' do 2ºT.
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