DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - A França começa a estrada para defender seu título na Copa do Mundo nesta terça-feira (22), às 16h (de Brasília), quando enfrenta a Austrália no Al Janoub, em Al Al Walkrah (Qatar), pelo Grupo D. O cenário, com lesões se acumulando, desperta um temor familiar aos franceses.
Quando Zinédine Zidane se lesionou a dias da viagem da França para a Copa do Mundo da Coreia do Sul e do Japão, em 2002, o vestiário da seleção entrou em desespero.
Era justificado. O meia era então o melhor jogador do planeta, o talismã da equipe campeã mundial de 1998 e europeia de 2000. Com Zidane em campo apenas na última rodada e sem nenhuma condição de jogo, a equipe caiu na fase de grupos.
Duas décadas depois, a França vai defender mais uma vez seu título sofrendo com problemas físicos. Desta vez, no plural. Em poucos dias, o técnico Didier Deschamps perdeu jogadores com potencial para ser titulares.
A notícia mais devastadora veio no sábado (19). Exame detectou torção em músculo da coxa esquerda do vencedor da Bola de Ouro deste ano, Karim Benzema. O atacante de 34 anos esperou oito anos pela chance de disputar outra Copa do Mundo e foi cortado a 72 horas da estreia contra a Austrália, marcada nesta terça-feira (22).
"Estou extremamente triste por Karim, que tinha a Copa do Mundo como seu maior objetivo. Apesar de mais essa notícia para a seleção francesa, tenho total confiança no meu grupo. Vamos fazer de tudo para enfrentar este enorme desafio que nos espera", disse Deschamps, em comunicado.
Em mensagem publicada em sua conta do Instagram, Benzema escreveu nunca ter desistido de nada na vida. "Mas nesta noite eu tenho de pensar no time, como sempre tenho feito. A razão me diz para dar meu lugar a outra pessoa que possa ajudar nosso elenco a ter uma grande Copa do Mundo."
No entanto, apesar de poder substituir um jogador lesionado, escolhendo outro na lista prévia de 55 nomes apresentados à Fifa, o técnico decidiu não chamar ninguém. A França, então, vai disputar o Mundial com 25 jogadores.
Se Benzema fosse o único lesionado, já seria um problema considerável para a atual campeã. Mas não é o único. Também por lesão, Deschamps não pôde chamar peças fundamentais para seu esquema tático, como o volante N?Golo Kanté e o meia Paul Pogba. São dois remanescentes do time campeão em 2018 na Rússia.
Ele também perdeu o atacante Christian Nkunku, melhor jogador do último Campeonato Alemão pelo RB Leipzig, Alguém que era visto como reserva de luxo, com capacidade para ser titular a qualquer momento. O zagueiro Presnel Kimpembe foi um corte esperado na semana passada porque era provável que não conseguisse provar ter condições físicas para disputar o torneio. Foi o que aconteceu.
A comissão técnica espera para descobrir se o defensor Raphaël Varane, outra peça central do time campeão mundial há quatro anos, terá condições de enfrentar os australianos. No mês passado, ele foi substituído de partida do Manchester United aos prantos com contusão na panturrilha.
"Nós não vamos tomar nenhum atalho na recuperação de Varane. Mas creio que ele estará pronto para o primeiro jogo", afirmou Deschamps. Nesta segunda-feira (21), o técnico reafirmou a presença dele e de Camavinga -outro que causava preocupação- na estreia contra a Austrália.
Criticado após a eliminação nas oitavas de final da Eurocopa contra a Suíça (partida em que a França vencia por 3 a 1), o técnico será um dos mais desafiados pelos desfalques. Terá de provar que é verdadeiro seu pensamento de que o time não depende de nenhum jogador em particular.
Da mesma forma, ele não gosta de estabelecer como objetivo em 2022 a repetição do que ocorreu em 2018. Já fazia algo parecido há quatro anos quando se falava do elenco campeão mundial de 1998, do qual era capitão.
"Não creio que isso seja justo com os atletas."
A responsabilidade dele só não será maior que a de Kylian Mbappé. Melhor jogador jovem de 2018, ele agora tem, sem a presença dos companheiros de peso, a missão de ser o melhor de todos aos 23 anos. Até porque, quando a França foi eliminada pela Suíça no torneio europeu, foi ele quem perdeu o pênalti decisivo.
O que abalou tanto na lesão da Benzema é que ele buscava uma história de reviravolta poucas vezes vista no futebol. Banido da seleção por interferir em um caso de chantagem contra Valbuena, companheiro de seleção, ele ficou cinco anos afastado da seleção. Perdeu o Mundial de 2018 e a chance de ser campeão. Voltou de forma surpreendente em 2021 e chegava ao Qatar como o melhor do planeta.
Mas, tal qual Zidane há 20 anos, ele causou consternação com uma lesão a dias da Copa do Mundo.
Nesta segunda-feira, Deschamps afirmou que pretender começar a partida desta terça com Olivier Giroud no ataque, substituindo Benzema. A França deve ir inicialmente a campo com: Hugo Lloris; Jules Koundé, Raphaël Varane e Lucas Hernandez; Benjamin Pavard, Aurélien Tchouaméni, Eduardo Camavinga (Adrien Rabio) e Youssouf Fofana; Griezmann, Kylian Mbappé e Giroud.
A Austrália, por sua vez, também teve que lidar com desfalques-Martyn Boyle sofreu uma lesão no joelho, foi cortado no domingo (20) e substituído por Marco Tilio, do Melbourne City.
Comanda por Graham Arnold, a seleção australiana deve começar a partida com: Mat Ryan; Nathaniel Atkinson, Bailey Wright, Kye Rowles e Aziz Behich; Ajdin Hrustic, Aaron Mooy e Jackson Irvine; Mathew Leckie, Miotchell Duke e Craig Goodwin (Marco Tilio).
Estádio: Al Janoub, em Al Walkrah (Qatar)
Horário: Às 16h (de Brasília) desta terça-feira (21)
Árbitro: Victor Gomes (África do Sul)
VAR: Drew Fischer (Canadá)
Transmissão: Globo, SporTV, Globoplay e YouTube (CazeTV)
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