SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - Não foi por falta de opção. Argentinos e brasileiros que se reuniram num bar típico do país na Mooca, em São Paulo, tinham à sua disposição uma mesa de café com quitutes especiais da terra dos hermanos. Medialunas (que é tipo um croissant argentino), empanadas diversas, bolachinhas do alfajor além de café, achocolatado e suco de laranja compunham a mesa farta.
Mas quem acordou cedo para acompanhar o jogo entre Argentina e Arábia Saudita, que aconteceu às 7h desta terça-feira (22), virou a chave do café da manhã e pegou logo uma cerveja. Duas. Três. "Só vim por causa da cerveja", conta o brasileiro Cristian, que acompanhava o amigo torcedor da Argentina, Alexandre. Os dois brindaram o primeiro gol marcado por Lionel Messi aos 10 minutos do primeiro tempo.
Não foram os únicos. O estalar da tampa da garrafa abrindo era ouvido constantemente, mas interrompido pelas cantorias barulhentas dos torcedores que mandaram o sono pra bem longe. Quando a Arábia Saudita marcou o primeiro, logo no começo do segundo tempo, a reação inicial foi o silêncio. Não durou muito. O cântico começou pelos torcedores que estavam na parte de trás do bar Moocaires e, como numa ola, foi tomando conta da galera da frente.
Pelo bar, são espalhadas camisas de times argentinos e placas de locais turísticos do país. Os torcedores não deixaram de trazer seus adereços. A camisa de Maradona, trazida pelo argentino Miguel Ángel, foi colocada sobre uma mesa "como um manto sagrado".
Ángel mora no Brasil há 46 anos. Veio junto da mãe, que fugia da ditadura argentina, iniciada em meados dos anos 1960. Ángel ama o Brasil, tem filho brasileiro, mas seu coração é argentino. "Torço até hoje, e muito. Mas também torço para o Brasil. Só que numa final entre Brasil e Argentina, sou Argentina. Mas se o Brasil ganhar, tô feliz também", conta.
O filho Vitor acompanhava o pai na torcida. Mesmo brasileiro, também vestia sua camisa do país vizinho e comemorava, com o pai, cada lance bem executado. Miguel era o torcedor mais animado e barulhento do bar. Ele cantava todas as músicas. Aplaudia a cada lance. Celebrou intensamente todos os gols argentinos -inclusive os dois anulados pelo árbitro por impedimento.
Copa no fim do ano. Gostoso demaisCopa do Mundo. Natal. Carnaval. Páscoa. São João. Gustavo quer emendar todas as datas. Celebrou a Copa no verão pela primeira vez, pertinho das festas de fim de ano, e contou que nunca esteve tão no clima de Copa quanto agora. "Por mim já emendava tudo", diz, com a cervejinha na mão.
Cristian concorda, e defende que a Copa seja no fim do ano para sempre. "O clima é diferente mesmo. Mais caloroso".
Mesmo com o resultado ruim, os argentinos e brasileiros que hoje torceram pros hermanos não pararam de vibrar nem de cantar durante toda a partida. É claro que a tensão tomou conta à medida que o segundo tempo passava. Enzo, de 12 anos, filho do dono do bar, juntou as mãozinhas e rezou. Não adiantou. A Argentina estreou na Copa do Mundo perdendo por 2 a 1 da Arábia Saudita. Mas a boa e velha animação latino-americana não deixa, nunca, a desejar.
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