DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - Para responder aos boatos de um possível desentendimento com Lionel Scaloni a dois meses da Copa do Mundo, o presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino) agiu rapidamente. Claudio Chiqui Tapia anunciou a continuidade do trabalho do treinador até o Mundial de 2026.

Era uma decisão lógica. Sob o comando do ex-lateral do La Coruña (ESP), a seleção havia vencido a Copa América de 2021 e encerrado com isso um jejum de títulos de 28 anos. Ganhou também a primeira finalíssima Conmebol-Uefa ao não apenas derrotar a Itália por 3 a 0, em Wembley, mas fazer isso com facilidade no segundo tempo.

Scaloni tem o elenco na mão. Isso significa possuir também a confiança de Lionel Messi. Chegou ao Qatar com 36 jogos e mais de três anos de invencibilidade.

Tudo caiu por terra na estreia do Mundial, contra a Arábia Saudita.

Em Buenos Aires, o time foi acusado de soberba pela pequena parte da imprensa esportiva do país que não joga junto com a seleção. O atacante Sergio Agüero, que é o melhor amigo de Messi no futebol e está no Qatar como comentarista, publicou mensagem em redes sociais dando a entender que foi barrado na tentativa de visitar a delegação na Universidade do Qatar.

Após a derrota por 2 a 1 na estreia, os argentinos respiraram aliviados com o empate por 0 a 0 entre México e Polônia, as outras seleções do Grupo C. No próximo sábado (26), a Argentina enfrenta os mexicanos no mesmo estádio de Lusail que foi palco da zebra histórica protagonizada pelos sauditas.

"A gente queria vir aqui e ganhar todas as partidas. Agora teremos seis finais de Copa do Mundo", disse o goleiro Emiliano Martínez, citando a quantidade de partidas necessárias até o título.

A Argentina não é eliminada na fase de grupos desde 2002. Na ocasião, tal qual em 2022, era apontada como uma das favoritas e chegou ao Mundial em grande fase.

Há quatro anos, na Rússia, a seleção dirigida por Jorge Sampaoli flertou com a queda precoce e só avançou às oitavas de final graças a um gol salvador do zagueiro Marcos Rojo aos 42 minutos do segundo tempo diante da Nigéria.

"Mundial se joga assim. Sabíamos que algo como isso poderia acontecer", disse Lionel Messi. Foi uma frase tão estranha quanto a dita sobre o gol argentino, marcado aos dez minutos do primeiro tempo: saiu "cedo demais".

Na volta à concentração depois do revés na estreia, a preocupação do camisa 10, capitão e líder do elenco, foi animar os mais jovens, aqueles que disputam o Mundial pela primeira vez, como Julian Álvarez, Cuti Romero e Rodrigo De Paul.

A eliminação na fase de grupos significaria, além da despedida melancólica de Lionel Messi em Copas, ameaça a um projeto que, segundo a AFA, é de longo prazo. A pressão sobre Scaloni, um técnico sem experiência anterior em clubes que era apenas membro periférico da comissão de Sampaoli em 2018, seria considerável.

Para tentar fazer os jogadores esquecerem as tensões do torneio, foi liberada a presença de familiares na concentração nesta quarta-feira (23), dia seguinte à derrota diante dos sauditas. Alguns exibiram fotos nas redes sociais.

Messi pediu aos torcedores que continuem acreditando na Scaloneta, apelido que ganhou a equipe dirigida por Scaloni. Não lhe serve de consolo, mas no primeiro jogo no Qatar ele se tornou o quinto jogador a marcar gols em quatro Mundiais diferentes. Antes dele, apenas Pelé, Cristiano Ronaldo e os alemães Uwe Seeler e Miroslav Klose haviam conseguido o mesmo.

Poderia ser motivo para celebração, mas a marca ficou esquecida nas lamentações pela inesperada derrota. Nem as partidas de truco, as que Messi odeia perder, foram realizadas na Universidade do Qatar na noite de terça-feira (22).


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