SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - A torcida brasileira fez uma bela festa pelas ruas de Doha ao longo desta quinta-feira (24), nas horas que antecederam a partida contra a Sérvia, e também durante e depois do jogo, que terminou com vitória por 2 a 0 do time canarinho, na estreia da Copa do Mundo do Qatar.

O UOL acompanhou os brasileiros durante todo o dia, desde a concentração do Movimento Verde e Amarelo (MVA), em um hotel internacional de Doha, até instantes finais da partida. E constatou a montanha-russa de emoções dos torcedores, que foram do êxtase com a cerveja liberada - em um país onde não se pode consumir álcool - até a tensão pelo empate e a catarse após o golaço de Richarlison.

O dia começou animado na concentração. Cada torcedor pagou R$ 150 para entrar no evento, que era privado, com direito a duas cervejas para quem comprasse o ingresso. Mais de 2 mil pessoas compareceram e lotaram o espaço, que desde as 13h de Doha (7h do Brasil) já tinha músicas de apoio à Seleção, samba e pagode.

O MVA inaugurou algumas músicas novas para serem cantadas durante a partida, em especial fazendo piadas com relação aos argentinos. "Argentina, bando de racista! Eu sou brasileiro, pentacampeão, e no futebol sua glória é um gol de mão", cantaram os torcedores, lembrando o famoso tento de Maradona em 1986, entre outras canções, como a tradicional "mil gols, só o Pelé, e o Maradona é cheirador".

Chamava a atenção a quantidade de celulares erguidos para o alto nas movimentações dos torcedores. Quando uma das músicas mais tradicionais era chamada - a que diz "Brasil olê olê olê -, os brasileiros tinham que se abaixar para pularem e cantarem na hora do refrão. Nessa hora, era possível ver um mar de aparelhos telefônicos na mão das pessoas, preocupadas com o que postar nas redes sociais.

O evento, patrocinado pela cervejaria Brahma, que apoia o MVA, tinha cerveja liberada à venda aos presentes por R$ 60 cada lata. Como estava localizado na área de um hotel internacional, a venda estava permitida, o que fez os brasileiros lotarem o local e formarem filas enormes para comprarem as bebidas. O tempo de espera chegava a 40 minutos.

Entre os presentes, vários influencers. Como o youtuber Thiago Asmar, do Canal Pilhado, que tentava incentivar o público a soltar gritos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, com xingamentos a Lula. Em determinado momento, ele foi repreendido por um torcedor, e as coisas quase terminaram em confusão, até que chegou a turma do "deixa disso".

Os amigos de Neymar, chamados de "parças" ou "toiss", também compareceram em peso. Gui Pitta, Cris Guedes, Joclécio, Gil Cebola e Gustavo, companheiros do astro da Seleção desde que ele ainda era da base do Santos, tomaram quantas cervejas foram possíveis ao lado de diversos outros amigos.

Depois, os influencers foram junto aos torcedores do MVA para o estádio, em movimentação que lotou o metrô de Doha, gerando vídeos que rodaram a internet. O grupo, contudo, ficou em posição diferente à organizada no estádio, localizado em cadeiras mais centrais - e mais caras.

Nas arquibancadas, o MVA ficou atrás do gol de defesa do Brasil no primeiro tempo e se juntou à outra organizada da Seleção, chamada Torcida Canarinho, combinando as músicas que seriam cantadas em conjunto. O ex-BBB Felipe Prior era um dos presentes, assim como os também influencers Mil Grau e Fred, do Desimpedidos.

E, assim como na festa pré-jogo, o mar de selfies e celulares para o alto era algo a se destacar, especialmente na hora do hino do Brasil e durante as comemorações de gols.

Em outras torcidas organizadas da Copa aos quais o UOL teve contato no meio dos jogos, o uso dos aparelhos pareceu consideravelmente menor, como na Argentina, Inglaterra, Arábia Saudita, Qatar e outras. Na contramão dos demais, a maioria dos brasileiros que esteve no meio das organizadas registrava todos os momentos em seus smartphones.

Os responsáveis pela torcida cantavam e tentavam agitar o ambiente o jogo inteiro. Os presentes no setor atrás de um dos gols acompanhavam as músicas, que também tinham a companhia de tambores e pandeiros, mas o resto do estádio não participava, ou por desconhecimento do que era cantado ou talvez pela grande presença de estrangeiros.

As arquibancadas do estádio Lusail estavam tomadas por blocos de amarelo, escancarando a enorme presença de torcida pelo Brasil. E com muitos brasileiros de origem, o que é importante destacar, já que os indianos também vieram em peso e escolheram a Seleção como uma de suas favoritas, além da Argentina.

Com a bola rolando, as organizadas brasileiras animaram o tempo inteiro, mas diminuíram o ritmo à medida que o jogo ficava mais nervoso. A Seleção demorou a engrenar, deixando para o segundo tempo os momentos mais mágicos. Que vieram com Richarlison, autor de dois gols, um deles uma pintura. A catarse pelo golaço de voleio jamais será esquecida no Qatar.


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