SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - Irã e Estados Unidos protagonizaram um conflito simbólico, verbal e com tons geopolíticos nos dias que antecederam o confronto entre as duas seleções no grupo B da Copa. Os times se enfrentam hoje (às 16h de Brasília) em partida que pode definir vaga nas oitavas de final. Mas os torcedores dos dois países pareceram alheios à controvérsia na chegada ao estádio Al Thumama, em Doha. Iranianos confraternizavam com americanos, posavam para fotos juntos e faziam festa antes da decisão.
No último sábado, a federação americana publicou em suas redes sociais uma imagem que mostrava uma bandeira do Irã modificada, apenas com as faixas azul, branca e vermelha, mas sem o emblema no centro e as frases nas bordas de duas das faixas.
De acordo com a federação, tratou-se de um protesto contra o desrespeito aos direitos humanos no Irã, na esteira da morte de uma mulher iraniana e de uma série de manifestações que tomaram o país. O emblema e as frases representariam a República Islâmica, regime autoritário que governa o Irã desde os anos 70.
Já os iranianos viram o ato como um desrespeito a um símbolo nacional, o que levou a federação iraniana a pedir à Fifa sanções aos americanos. Uma rede TV ligada ao governo chegou a defender a exclusão da seleção dos Estados da Copa. A Fifa ainda não comentou o assunto.
A imagem da bandeira modificada ficou no ar por apenas um dia antes de ser apagada, mas a controvérsia chegou a afetar membros das duas seleções. Ontem, ao ser questionado em uma entrevista coletiva sobre a situação, o técnico Gregg Berhalter precisou pedir desculpas. "Não tínhamos ideia sobre o que a federação publicou. Tudo o que podemos fazer é pedir desculpas em nome dos jogadores e da comissão. Mas não tivemos nada a ver com isso", afirmou.
A rede americana CNN noticiou hoje que autoridades iranianas ameaçaram torturar e prender familiares dos jogadores, caso eles "não se comportem" na partida contra os americanos. A suposta ameaça teria sido uma reposta ao fato de os jogadores iranianos não terem cantado hino nacional no duelo contra a Inglaterra, há uma semana.
Também na semana passada, o técnico da seleção iraniana, o português Carlos Queiroz, também foi questionado por um jornalista da BBC sobre os protestos que acontecem no país e nas arquibancadas da Copa após a morte da jovem Mahsa Amini. Irritado, o treinador perguntou por que a imprensa internacional não faz as mesmas perguntas para atletas e técnicos de países ocidentais, que também desrespeitam os direitos humanos.
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