DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - Contestados principalmente por jogadores sul-americanos, os gramados dos estádios da Copa do Mundo passam por uma carga de jogos inédita na história da competição.

"Não está no mesmo nível do gramado de Lusail ou mesmo do nosso centro de treinamento", disse o coordenador de seleções da CBF, Juninho Paulista, sobre o campo do estádio 974, onde a equipe derrotou a Suíça por 1 a 0 na segunda rodada do Grupo G, na última segunda-feira (28).

A entidade apresentou reclamação à Fifa, que respondeu concordar com a queixa e culpou o número de partidas realizadas no local.

No confronto entre Costa Rica e Alemanha, disputada nesta quinta-feira (1º), o estádio Al Bayt apresentou problemas. Funcionários da organização retiraram tufos de grama com as mãos. No Al Rayyan, durante Bélgica e Croácia, também nesta quinta, era possível ver linhas marrons de terra no meio do gramado, especialmente durante o segundo tempo.

Jamais os campos da Copa do Mundo sofreram uma carga tão grande de jogos na fase de grupos. O Qatar realiza o torneio com apenas oito arenas. São quatro a menos em relação a Rússia em 2018 e ao Brasil em 2014.

Nos dois últimos torneios, cada estádio recebeu, na etapa inicial da competição, quatro jogos, em intervalo que variou entre três ou quatro dias entre eles.

No Qatar, são seis partidas em cada campo, com intervalo de dois dias entre um e outro. São 180 minutos a mais de futebol, sem contar a orientação da Fifa aos árbitros para estarem atentos aos acréscimos concedidos, o que tem aumentado o tempo.

Newsletter Copa 2022 Um guia diário no email com o que você precisa saber sobre o Mundial no Qatar. *** No Inglaterra x Irã, pela primeira rodada do Grupo B, no estádio internacional Khalifa, o brasileiro Raphael Claus permitiu mais 27 minutos.

Consultada, a Fifa afirma ter um plano de repor partes dos gramados em caso de necessidade. Mas a entidade confia que, com o início do mata-mata, o problema será sanado.

As oitavas de final começam neste sábado (3). O Brasil precisa apenas de empate contra Camarões nesta sexta-feira (2) para terminar em primeiro em sua chave. Neste caso, voltaria ao 974 para cruzar o caminho do segundo do Grupo H, a Coreia do Sul.

Será o último jogo deste estádio, que vai ser desmontado após o encerramento do Mundial.

"O campo está muito rápido, com buracos. A bola quica demais", reclamou o meia argentino Alexis MacAllister, autor do primeiro gol da Argentina na vitória por 2 a 0 sobre a Polônia, na última quarta (30), também no 974.

A quantidade de partidas tem crescido com o aumento do número de seleções. Em 1930 eram 13, com 15 jogos na fase de grupos.

Até 1978, foram no máximo 16 equipes, com 24 confrontos na fase inicial. Entre 1982 e 1994 se classificaram 24 países (36 partidas). A partir de 1998, este número cresceu para 32 (48).

A Fifa já decidiu que o Mundial de 2026, a ser sediado por Estados Unidos, Canadá e México, terá 48 seleções. O formato ainda não foi definido.

A Copa no Qatar não é a primeira em que a Fifa enfrenta reclamações quanto a gramados, e os problemas são visíveis. Em 1978, na Argentina, jogadores tiravam placas de grama fixadas de maneira incorreta. No estádio José Maria Minella, em Mar del Plata, foi jogada areia para cobrir buracos.

O tipo de grama escolhido pelo comitê organizador da Copa do Qatar é nativa do Brasil, a Paspalum vaginatum. Em cinco dos estádios (Al Bayt, Al Thumama, Education City, Al Rayyan e Al Janoub), a instalação foi feita por uma empresa brasileira. Se houver troca total de qualquer gramado de arena do Mundial, o custo será de cerca de US$ 2 milhões (R$ 10,4 milhões pela cotação atual).

Antes de ser instalada nos estádios, a grama foi plantada e cresceu em área de 425 mil metros quadrados fora de Doha, regadas com 10 mil litros de água dessalinizada todos os dias.


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