SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - Passaram só 11 dias desde que Neymar desabou no gramado do estádio de Lusail com a mão no tornozelo direito e precisou ser substituído logo na estreia da Copa do Mundo contra a Sérvia. Na memória do torcedor brasileiro, imediatamente, imagens das duas Copas do Mundo perdidas sem que ele tivesse condições físicas ideais para ajudar. Será que a Copa não é para ele? Será que o sonho do hexa virou pesadelo de novo?

Nesta segunda-feira (5), o camisa 10 da seleção brasileira começou a responder essas perguntas. Escalado como titular só 11 dias depois de sofrer uma lesão nos ligamentos no tornozelo, ele fez gol, participou da jogada de outro e foi peça importante durante 80 minutos para o Brasil eliminar a Coreia do Sul nas oitavas de final com uma goleada por 4 a 1 em que ele foi eleito como o melhor em campo.

O desempenho físico não foi deslumbrante. E ninguém na seleção [e provavelmente na torcida] esperava que fosse. Neymar foi a campo sabendo que sentiria dores e preparado para suportá-las, com faixa no pé e spray analgésico à disposição. Em pelo menos sete dos 11 dias de tratamento ele fez trabalhos em três períodos, de manhã, de tarde e de noite. No dia a dia da seleção teve quem dissesse que não conseguia mais encontrar Neymar nos corredores de hotel e concentração.

O foco era total e o sumiço deu certo. Nove dias depois da lesão, Neymar já treinava com bola em campo. E 11 dias depois, jogou. Desde o começo, já que Tite prefere contar com os melhores jogadores sempre como titulares, o camisa 10 não se expôs desnecessariamente. Em vários momentos evitou o contato, fugiu de faltas e pulou para não apanhar.

Isso não quer dizer que ele tenha se escondido do jogo, e alguns lances ajudam a provar. Dois dribles chamaram atenção: no primeiro, fintou Cho Gue-Sung e Hwang In-Beom e deu de cara com o árbitro, que também foi driblado. No outro, já no segundo tempo, tentou um drible da vaca para cima da marcação. Igual aquele no Ronaldo Angelim, lembra? Deu errado, a bola foi sozinha. Mas valeu a tentativa.

Aos 12 minutos do primeiro tempo, o gol de Neymar. No pênalti sofrido por Richarlison ele correu lentamente para a bola, observou a queda do goleiro coreano e bateu no cantinho direito. Existe golaço em cobrança de pênalti? Existe. O ajoelhado Kim Seung-Gyu que o diga.

Liderança do elenco, Neymar ainda correu para abraçar Alex Telles depois de fazer seu gol no estádio 974. O lateral-esquerdo não terá a mesma sorte que ele e volta para a Espanha cortado da Copa do Mundo por lesão.

Neymar participou da jogada do quarto gol ao puxar o ataque do Brasil e abrir o jogo com Vini Jr do lado esquerdo. O ponta dominou e cruzou para a finalização precisa de Paquetá. Os toques rápidos e curtos entre Neymar e Vini Jr foram um diferencial importante na vitória do Brasil. Mas ficou por aí para o camisa 10: um gol e uma participação na jogada de outro gol.

Neymar teve um dia de coadjuvante no estádio 974. Uma escada para os lances bonitos de Raphinha, Paquetá e Vini Jr e a fúria de Richarlison, responsável pelo serviço sujo de descer para marcar a saída de jogo da Coreia do Sul. Mas quem disse que isso é um problema? O jogo da seleção flui quando ele põe o pé nas jogadas e também quando ele só observa, orienta e se posiciona. O time parece mais à vontade com a presença dele, que é ídolo da geração de protagonistas.

O camisa 10 só roubou a cena na hora das dancinhas, porque aí é ele quem puxa os companheiros para a expressão de felicidade manifestada nos passinhos do "Pagodão do Birimbola" do primeiro gol, por exemplo.

Neymar saiu para a entrada de Rodrygo aos 35 minutos do segundo tempo. Cansado e provavelmente com dores, mas com a seleção brasileira classificada para as quartas de fina da Copa do Mundo e seu papel feito.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!