SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Coreanos e brasileiros se reuniram para assistir ao jogo entre as duas seleções pela Copa do Mundo, nesta segunda-feira (5), em dois pontos de São Paulo.

No Centro Cultural Coreano no Brasil, na avenida Paulista, e em um bar coreano no Bom Retiro, bairro tradicional de São Paulo, a torcida estava dividida, com os brasileiros "infiltrados".

No centro, em uma área de exposições, foram dispostas cadeiras para o público assistir ao jogo em um telão. O espaço lotou, e a minoria era coreana.

Alguns compareceram pela praticidade, como a estudante Abigail da Costa, 21, que estuda perto da Paulista e achou uma boa ideia assistir ao jogo lá.

A maioria era composta por jovens ligados à cultura coreana, muitos usando mechas coloridas no cabelo, alguns vestindo a camisa da seleção brasileira.

"A torcida fica dividida. Viemos aqui porque gostamos muito da Coreia, da cultura coreana, então torcemos para eles, mas para o Brasil também", diz a estudante Luiza Azevedo, 24.

A DJ Fernanda Micheleto, 24, tocava até um tambor coreano, um buk.

Ela é fã de k-pop, a música pop do país asiático, e até montou um grupo do estilo com suas amigas, o Laon. Elas costumam se apresentar no centro cultural.

A dançarina Isabella Silva, 21, é outra que participa de um grupo do gênero. Ela e suas amigas levaram até seus bastões de luz ?ou lighsticks, que os fãs costumam levar aos shows de bandas coreanas. Todas dividiam sua torcida entre o Brasil e os asiáticos.

Já no bar, a gerente financeira Stael Beza, 35, e a esteticista Patricia Beza, 25, até vibraram com o solitário gol coreano. Segundo elas, se o duelo fosse contra qualquer outro time, torceriam somente para a Coreia.

Formado em relações internacionais, Luiz Almeida, 24, estava torcendo somente para os coreanos. Segundo ele, a relação com um time não precisa estar relacionada a sua nacionalidade ?ele diz se identificar muito mais com a seleção coreana do que com a brasileira. Pretende inclusive fazer seu mestrado no país e mudar-se para lá.

Os poucos coreanos presentes não estavam otimistas. Alex Chi Joon, 39, assessor do consulado sul-coreano, já imaginava a derrota para o Brasil antes do jogo, e disse já estar feliz pelo time ter alcançado as oitavas de final.

No início do primeiro tempo, mesmo diante da goleada, os coreanos reunidos gritavam "Dae han min guk" (República da Coreia).

Entre eles, o jogador favorito era Son Heung-min, autor da assistência para o gol da Coreia do Sul contra Portugal, que levou os asiáticos ao mata-mata.

Arthur Kim, 21, gerente de estoque, carregava uma foto do jogador na tela de bloqueio de seu celular e fez questão de mostrá-la.

"Ele é tipo o Neymar da Coreia", disse Paulo Kang, 30, investidor.

Entre os brasileiros, o primeiro nome citado era o de Cho Gue-sung, 24, galã da seleção e febre nas redes sociais, além de artilheiro do país na Copa. Ele pode ser desconhecido para a maioria, mas entre fãs de k-pop e de novelas coreanas, os dorameiros, ele é quase unanimidade.

Boa parte dos presentes, tanto no bar quanto no centro cultural, começaram a se relacionar com a cultura da Coreia do Sul por meio da música, do cinema e das séries do país.

"É o soft power coreano", lembrou Luiz, que fez trabalhos acadêmicos sobre a Coreia durante seus estudos de relações internacionais.

O termo foi cunhado pelo cientista político norte-americano Joseph Nye na década de 1980. Ele afirma que exercê-lo depende da expansão dos valores políticos e culturais de um país para outros.


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