SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Brasil abriu caminho para a vitória por 4 a 1 sobre a Coreia do Sul e a consequente classificação às quartas de final da Copa do Mundo com uma posse de bola agressiva e eficiente nos minutos iniciais do duelo disputado nesta segunda-feira (5).
Métrica calculada pela Folha de S.Paulo mostra que as ações da seleção passaram por áreas "ameaçadoras" do campo já nos primeiros lances. O placar foi inaugurado aos 6 minutos, com Vinícius Júnior, e a vantagem foi ampliada aos 12, em pênalti sofrido por Richarlison e cobrado por Neymar.
O indicador é conhecido como xT, uma abreviação para a expressão em inglês "expected threat" (ameaça esperada). Basicamente, trata-se da probabilidade de determinada jogada terminar dentro das redes, a depender do lugar em que ela ocorre.
Da mesma forma, o gol de honra dos coreanos, aos 30 minutos da etapa final, também acontece no momento em que a estatística mostra o maior perigo das ações asiáticas em relação às brasileiras. Alguns minutos antes, Hwang já havia exigido defesa difícil do goleiro Alisson.
As estatísticas preditivas estão mais populares a cada dia no futebol. A mais conhecida delas é o xG ("expected goals", ou gols esperados), uma taxa de sucesso previsto para cada finalização a depender de onde é feito o arremate. O cálculo leva em conta uma base de dados com milhares de finalizações prévias e seus respectivos desfechos.
O problema do xG é que ele ignora a construção das jogadas, e muitas ações de uma partida não resultam imediatamente em finalização. É como analisar um jogo de xadrez com base apenas no xeque-mate, quando o lance crucial pode ter ocorrido alguns turnos antes.
O xT, por sua vez, atribui um perigo relativo a cada lugar do campo. O cálculo da Folha considera a probabilidade de que, dada uma ação em um determinado setor do gramado, a equipe consiga chegar ao gol nas próximas cinco jogadas.
A métrica foi baseada em estudo publicado pelo analista do Arsenal-ING Karun Singh, com dados de uma temporada inteira de jogos da Premier League (2017/18). A ideia é atribuir crédito a jogadas que colocam um ponta em situação de cruzamento ou quebram linhas de marcação, entre outras ameaças concretas. Singh calculou as taxas de risco para 196 áreas do campo.
No gol de Lucas Paquetá, por exemplo, Neymar recebe passe de Richarlison em uma zona com xT equivalente a 3,4%. Ou seja, de acordo com a estatística, pouco mais de três a cada cem eventos naquele local terminam em gol em até cinco ações seguintes.
Ao tocar para Vinícius Júnior na ponta esquerda, o camisa 10 coloca o atacante num ponto do campo com ameaça esperada três vezes maior. Após dominar a bola e ajeitar o corpo para cruzar, Vini já ocupa uma zona com xT de 12,6%.
Para ilustrar os momentos de cada equipe na partida, a Folha calculou a média móvel do xT acumulado de cada equipe numa janela de cinco minutos, com um peso maior para o mais recente, e assim sucessivamente, até o primeiro minuto do intervalo.
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