SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - O Comitê Supremo do governo do Qatar, órgão que organiza a Copa, entrou em contato com a embaixada brasileira em Doha para tratar da detenção do humorista Fábio Rabin na segunda-feira (5), durante a goleada do Brasil sobre a Coreia do Sul. O governo queria saber se o humorista havia feito alguma reclamação formal a respeito do caso.
Na segunda, após ser detido a caminho do estádio por embriaguez pública, o humorista fez graves acusações contra a organização da Copa e afirmou ter sentido medo de morrer enquanto estava sob custódia policial. As declarações foram dadas também durante lives transmitidas a seus mais de 800 mil seguidores.
De acordo com quem soube da conversa entre os governos de Qatar e Brasil, os qataris foram informados de que o humorista não havia formalizado denúncias. O Comitê Supremo decidiu então não se pronunciar oficialmente sobre o caso.
Rabin participou de um "esquenta" com torcedores brasileiros antes de ir ao estádio 974 assistir à partida. Quem estava com ele relatou que, no momento da abordagem, o humorista estava embriagado e não conseguiu se comunicar com a equipe do estádio. A polícia foi acionada e o conduziu até a "tenda da sobriedade", um espaço aonde torcedores são levados se apresentarem sinais de embriaguez.
O Qatar tem leis rígidas contra a venda e o consumo de bebida alcoólica. O Artigo 270 do Código Penal do Qatar prevê pena de prisão de até seis meses e/ou multa de 3 mil reais qataris (o equivalente a R$ 4,5 mil) para quem for encontrado embriagado em via pública. Em orientação a seus cidadãos, a embaixada britânica em Doha afirma que britânicos já foram detidos pela polícia qatari por embriaguez pública. Durante a Copa, porém, a aplicação da lei tem sido relativizada, por causa da grande presença de estrangeiros no país.
A venda e o consumo de álcool são liberados em alguns estabelecimentos licenciados, como restaurantes e hotéis frequentados principalmente por estrangeiros.
Na segunda, após ser liberado e reencontrar seus amigos em Doha, Fábio Rabin afirmou que se desesperou ao se ver na sala da polícia e por isso começou a transmitir uma live lá de dentro. Procurados pela reportagem para comentar o assunto, a embaixada brasileira em Doha e o humorista não retornaram até a publicação da reportagem.
O humorista brasileiro Fábio Rabin se tornou o mais novo personagem da Copa do Mundo ao compartilhar sua experiência traumática no Qatar enquanto estava a caminho do estádio 974 para assistir à goleada da seleção brasileira sobre a Coreia do Sul pelas oitavas de final.
O artista, que soma 888 mil seguidores no Instagram, ficou detido em uma tenda à qual a polícia leva os torcedores alcoolizados nos arredores do estádio. Vencedor do prêmio de melhor show de stand-up do Risadaria em 2018 e ex-Pânico na TV, Rabin já fez turnês mundiais e tem mais de uma década dedicada a shows de comédia. Após se arriscar no curso de relações internacionais, não concluído, Rabin se apaixonou pelo teatro após fazer um curso com Otávio Martins.
"Eu comecei a fazer [o curso de relações internacionais], queria entrar para esse meio de política, nunca soube para o que servia. Quando eu vi que os meandros eram muito corruptos, falei: 'Putz, preciso buscar outro trabalho'", disse Rabin em entrevista ao "Conversa com Bial" em 2019.
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