DOHA, QATAR (UOL/FOLHAPRESS) - Maior seleção africana e árabe da história da Copa do Mundo, Marrocos fechou sua participação na edição do Qatar com o quarto lugar ao ser derrotado neste sábado (17), pela Croácia, por 2 a 1. O alto número de erros defensivos e ofensivos do time sensação do Mundial pode ter impedido uma posição mais alta na classificação, mas não atrapalhou a festa no estádio Khalifa.

Antes, durante e depois da partida, os marroquinos cantaram orgulhosos seu "olê, olê, olê, olê, Maghreb, Maghreb", que é como se fosse o nome do país em árabe. No ocidente, é como é conhecida toda aquela região ao norte da África, com Argélia, Tunísia, Líbia, Mauritânia, territórios do Saara Ocidental e o próprio Marrocos.

No Qatar, a seleção de camisas e meiões vermelhos e calções verdes também foi uma espécie de representante das nações árabes e africanas e virou o time da casa por onde e com quem quer que tenha jogado. Na primeira Copa disputada no Oriente Médio, deu voz àquele povo e fez bonito.

Na verdade, fez até história ao passar por Canadá, Bélgica, Espanha e Portugal e jogar de igual para igual com a campeã mundial França nas fases anteriores. Africanos só tinham chegado às quartas de final com Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010), nunca às semifinais, como Marrocos. Motivo suficiente para uma invasão de pelo menos dez mil pessoas ao Qatar nas últimas semanas, com ou sem ingressos.

Os que tinham ingressos pintaram de vermelho o estádio Khalifa ?em só um cantinho o vermelho dividia espaço com o azul e o quadriculado do uniforme da Croácia. Apitos e assovios em alto volume a cada toque de bola dos europeus, vaias a todo instante e cantos cada vez mais repetidos, principalmente nos momentos de tensão dentro de campo.

Não foram poucos, por sinal. Marrocos fez neste sábado (17) quase tudo diferente do que levou o time às semifinais e à decisão pelo terceiro lugar. Desarticulado defensivamente, deu espaço para a Croácia criar jogadas de todas as maneiras. Com muitos erros de passe, viu até jogadores unânimes como o goleiro Bono quase entregarem o ouro. Se o Bayern de Munique tinha algum interesse em repor a lesão de Neuer com o marroquino, o chute para trás que quase rendeu gol contra no segundo minuto pode mudar a ideia.

Dari, que fez o gol de Marrocos contra a Croácia, vacilou ao quebrar a linha de impedimento no primeiro gol dos adversários em jogada ensaiada. O segundo foi no talento de Orsic, mas foram mais de 30 segundos da Croácia trabalhando bola na área de Marrocos sem que conseguissem afastar. Pior: El Khannous devolveu a bola para os europeus ao tentar sair jogando.

O técnico Walid Regragui escalou Marrocos com três mudanças em relação à semifinal, sendo duas na defesa por lesão. Isso por si só já é um problema. O quadro ainda piorou durante o jogo, porque os dois zagueiros precisaram sair no segundo tempo em razão de problemas físicos e o volante Amrabat foi improvisado como zagueiro. Não era uma situação das mais fáceis de lidar, mas Marrocos manteve o ímpeto ofensivo para tentar empatar até o fim. Embalado pelos tambores e sorrisos das arquibancadas, que receberam os cumprimentos ajoelhados dos jogadores logo depois do apito final.

Não deu para ir além do quarto lugar na Copa do Mundo e isso já é muito. Ficam as imagens da torcida participativa e barulhenta, dos abraços de jogadores nas mães e nos filhos para comemorar as vitórias em campo e principalmente a ideia de que nada disso adianta se o time não tiver talento, organização tática e espírito coletivo. Como Marrocos tem.

Num desafio aos clichês sobre o futebol africano, Marrocos não é velocidade, jogo físico e rebeldia. É organização, marcação, reunião de talentos, um pouco de simulação de faltas e bastante reclamação. Agora também é história.


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