SANTOS, SP (FOLHAPRESS) - Artilheiro da última Série B do Campeonato Brasileiro, com 19 gols, o atacante Gabriel Poveda, 24, terá o futebol boliviano como destino nesta temporada. Nome especulado em diversas equipes da Série A, ele foi emprestado pelo Alverca, de Portugal, ao Grupo City e vestirá a camisa do Bolívar em 2023.

"Vou para um clube que tem projeto e estrutura excelentes. Meu objetivo, claro, é manter a ótima temporada que fiz, continuar marcando muitos gols", disse à reportagem. "O Bolívar está sempre na Libertadores, e isso também me seduziu. Estou empolgado pelo que está por vir e quero fazer acontecer."

Classificada à fase de grupos da Libertadores, a equipe da La Paz pertence ao poderoso conglomerado internacional ligado à realeza dos Emirados Árabes Unidos. A organização conta com 12 clubes, sendo o Manchester City o principal. A mais recente aquisição foi o Bahia, que vendeu 90 % da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ao grupo em dezembro.

O empréstimo de Poveda vai até dezembro, com obrigatoriedade de aquisição em caso de metas atingidas. O jogador estendeu o vínculo por um ano com o clube português, até junho de 2024. E pode sonhar com saltos maiores no futebol internacional se mantiver o bom e surpreendente nível.

Poveda era quase um desconhecido quando foi anunciado pelo Sampaio Corrêa, do Maranhão, em 7 de janeiro do ano passado.

Chegou ao clube nordestino apenas como o 15º reforço para a temporada -nona opção só para o ataque de um elenco que já contava com Ronan, Thiago André, Luiz Paulo, Pimentinha, Erivelton, Eron e Valber Jr.

As credenciais mais recentes pouco animavam: apenas 13 jogos pelo Brasil-RS em 2021 e nenhum gol marcado, desempenho atrapalhado pela lenta retomada de uma grave lesão ligamentar no joelho direito, sofrida no ano anterior.

Quase um ano depois do anúncio cercado por dúvidas, ele terminou a competição como o principal artilheiro, com 19 gols. Foi a melhor marca desde 2015, quando Zé Carlos obteve o mesmo número com a camisa do alagoano CRB.

"Foi difícil 2021, ainda terminou com o rebaixamento do Brasil de Pelotas. Eu me perguntava: 'Vou para onde agora?'."

Surgiu no fim de 2018 a relação com o Alverca, clube com o qual foi negociado pelo Guarani por R$ 1,5 milhão.

Antes do acerto com o Grupo City, acumulava empréstimos com passagens no Athletico Paranaense, Juventude e, mais recentemente, Brasil de Pelotas.

Natural de Araçatuba, o artilheiro da Série B e responsável por 26 gols em 52 jogos na temporada, média de um gol a cada duas partidas disputadas, começou a carreira de maneira relativamente tardia no futebol, já com 17 anos.

Em 2023, ele terminou como o sexto artilheiro do país na temporada, atrás somente de cinco jogadores da Série A: Germán Cano (44 gols), do Fluminense, Gabriel Barbosa (29) e Pedro (29), do Flamengo, Hulk (29), do Atlético Mineiro, e Jonathan Calleri (27), do São Paulo.

Aprovado em um teste no Ituano em 2014, aguardava por um contato do clube do interior paulista no início do ano seguinte, que nunca chegou.

Esquecido, optou por um novo teste, desta vez no Guarani, para compor a equipe sub-17. Passou, e quis o destino que fosse escalado às pressas pelo novo clube para uma partida contra o próprio Ituano, devido a problemas de documentação dos companheiros de posição. O time ganhou por 3 a 2, com um gol dele.

No ano seguinte, ainda terminaria o Estadual sub-20 como principal artilheiro da competição, com 22 gols, em competição na qual enfrentou Éder Militão, então no São Paulo, que esteve na última Copa do Mundo.

O bom desempenho no Guarani despertou o interesse do Internacional. No Sul, compreendeu que seria necessário correr para compensar o pouco conhecimento tático.

"Senti muito a ausência de trabalhos de base no Inter. O Fábio [Matias, treinador] passava coisas no quadro tático que, no início, não fazia a menor ideia de como executar. Foi um dos treinadores que me ajudaram a compensar essa dificuldade. Fizemos não só trabalhos táticos mas de coordenação, de mobilidade, gestos técnicos para cabeceio, chute... Hoje é um problema superado", relatou.

Poveda teve passagens tímidas por Curitiba e por Caxias no Sul até chegar a Pelotas, em 2020, ano em que ganhou a sua maior sequência como profissional. O bom momento, contudo, foi interrompido bruscamente por uma grave lesão.

O lance ocorreu em uma partida diante do Cuiabá, vencida por 3 a 0, em 7 de novembro de 2020, pela 20ª rodada da Série B.

O atacante entrou aos 32 minutos do segundo tempo, mas deixou o campo se queixando de um incômodo no joelho após lance com o zagueiro Luiz Gustavo.

Após cumprir folga em um domingo, fez exames na segunda e foi ao centro de treinamentos do clube. Ele era cotado para iniciar como titular a partida seguinte, diante da Ponte Preta.

"O meu joelho não inchou, não tinha nada que indicasse uma lesão grave. O diretor de futebol me perguntou: 'Dá para ir para o jogo?'. Eu falei que sim. Horas depois, chegou o fisioterapeuta e me pediu para ir até o consultório do médico", recordou.

Mesmo desconfiado do possível diagnóstico de lesão mais grave, o atacante conta que foi surpreendido ao ser informado da ruptura parcial dos ligamentos. "Eu entrei no meu carro e só conseguia chorar. A família foi essencial para me levantar".

O tratamento foi feito perto da família, em Campinas, até o retorno aos gramados em 18 de setembro, em uma derrota por 2 a 1 diante do Goiás. O time, contudo, acabaria na última colocação, com apenas quatro vitórias em 38 rodadas.

O ano da reviravolta para o jogador foi um teste de paciência e construído, principalmente, a partir do segundo semestre: marcou seis gols nos últimos dez jogos disputados na Série B de 2022. O Sampaio terminou na quinta colocação, a uma posição do acesso.

Definitivamente recuperado, Poveda tenta surpreender novamente. Agora, terá a primeira Libertadores da carreira como motivação. E a possibilidade de impressionar o poderoso Grupo City por novos saltos.


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