SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O bandeirão do Corinthians encontrado em um aterro sanitário no último dia 13 não está em condições de ser reparado.
O símbolo do Corinthians foi danificado, pois o pano está todo picotado e sujo de barro. Uma espécie de vistoria foi feita no estacionamento da Neo Química Arena no último sábado (18) e ficou claro que o bandeirão não tem nenhuma condição de uso.
Uma parte da bandeira está desaparecida, pois apenas dois terços foram recuperados na semana passada, em um aterro sanitário próximo ao estádio.
O que restou está guardado na Arena, justamente onde o material ficou por oito anos, da inauguração do estádio até o descarte neste mês.
O Corinthians se dispôs a pagar uma restauração, o que se provou impossível pelas condições em que o material foi encontrado. Agora, o clube é cobrado para que uma nova bandeira seja feita. O custo pode chegar a R$ 110 mil.
"É inadmissível, inaceitável o que fizeram. Não tem desculpa", lamenta Rogério Bassetto em entrevista à reportagem. Foi ele quem criou e deu o bandeirão de presente ao clube, em 2013, depois o reformou em 2019. "Ele estava em perfeitas condições", defende.
Não adianta o clube soltar nota oficial. Tem que comprar tinta, comprar pano e pagar costureira para fazer uma nova. A gente vai pintar sem cobrar nada, porque não temos interesse nenhum, mas fazer um novo não é mais do que a obrigação do Corinthians", disse Bassetto.
A HISTÓRIA DA BANDEIRA
Ela nasceu de um projeto social, ainda em 2013. Bassetto dava uma oficina de desenho e pintura dentro do Parque São Jorge, e o mesmo desenho que as crianças pintavam depois foi replicado em tamanho gigante, com a frase "Time do povo" embaixo.
Até o ídolo Basílio ajudou a pintar, durante outra ação social. Ela foi feita ao longo de quatro meses. Na reta final, os adultos contornaram as letras e crianças em vulnerabilidade social pintaram as palavras "Time do Povo". "A bandeira era também um instrumento de resistência", diz Bassetto.
A bandeira foi usada no Tobogã até a despedida do time do Pacaembu, depois foi levada à Neo Química Arena e ficou guardada por quatro anos. Em 2019, foi reformada e ampliada para se tornar a maior do Brasil, com 8,4 mil m². Foi usada em um jogo contra o Santos, em outubro daquele ano, e depois guardada novamente durante a pandemia.
Imagens da bandeira em um lixão viralizaram na semana passada. Um funcionário do local avisou a Pavilhão 9, uma organizada do Corinthians, que foi até lá recuperar a peça. Rogério Bassetto e outros corintianos agora pensam no que fazer com as partes que ainda podem ser reutilizadas.
Procurado pela reportagem, o Corinthians não quis comentar a cobrança por um novo bandeirão. Na semana passada o clube defendeu em nota oficial que o material foi jogado fora pelo "natural desgaste gerado após anos de uso".
Tem bandeiras de grande porte dos Gaviões que foram feitas em 1989 e são usadas até hoje. Tem bandeiras que fiz em 2006, 2008, 2010 e estão lá até hoje, em perfeitas condições. Esse bandeirão foi feito com nylon, é um material resistente, e não se usava todo final de semana."Rogério Bassetto, sobre o argumento do clube de que a bandeira estava velha
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