Campeã mundial, Pan-Americana, Sul-Americana, com participações nas Olimpíadas do Rio e Tóquio, a juiz-forana Larissa Oliveira, pôde ver de perto, na manhã desta sexta (24), a merecida homenagem feita pelo Clube Bom Pastor à atleta.
Recordista sul-americana nos 100m livre com o tempo 52s88, Larissa conta como vai ser daqui pra frente, após anunciar sua aposentadoria do esporte de alto rendimento no fim do ano passado. Formada em Educação Física ela quer seguir trabalhando na área.
"Essa parte da educação física escolar eu gosto muito, então se aparecer algum concurso para professora e eu acho que seria uma área que eu gostaria muito de trabalhar. Já estou finalizando minha pós-graduação, que esta sendo feita no hospital Albert Einstein em São Paulo, que é atividade física, promoção de saúde e prevenção de doenças. Então é bem na área de esportes e ampla e já estou trabalhando em uma assessoria que faz triatlo, que é de tudo um pouco. Eu gosto muito da área de esportes sabe. Trabalharia com essas equipes pelo lado técnico, de quem manda, prefiro esse lado, de vez enquanto eu dou uma nadada uma corrida, mas o lado que manda é mais legal", conta Larissa.
Sobre o futuro da natação no Brasil, Larissa acredita que a falta de apoio tanto financeira quanto estrutural faz com que o Brasil não alcance grandes resultados em nível mundial. Ela acredita que esse cenário é muito difícil de mudar.
" Essa discrepância entre Brasil e exterior existe por falta de estrutura, apoio, eu já viajei muito e competi em vários países e você vê o tanto de apoio que tem lá fora, não só dinheiro, óbvio que faz a diferença, mas estrutura. A gente precisa muito de ter competitividade e para ter isso sendo brasileira só indo pra fora, para você competir com as meninas que são melhores. E em uma viagem não é só a atleta que vai, vai no mínimo um fisioterapeuta e o técnico, são três pessoas pelo menos, aí e preciso investimento, dinheiro, volta na parte de que ninguém quer colocar a mão no bolso".
Ela continua.
"Tudo que eu consegui foi com quem era muito fechado comigo, que era clube, técnico. Quando você precisa dar um passo maior é muito difícil, sabe? Tirando a aposentadoria eu tive um episódio grande, n meu acidente (um eucalipto pobre caiu em cima do carro que a atleta estava. Ela precisou tomar mais de 300 pontos na perna e ficou cerca de dois meses e meio em recuperação) não tive apoio de Comitê e confederação", relata Larissa.
A nadadora também comentou que continua treinando e tem um desafio chegando. No dia 5 de março ela entra no mar para disputar o Rei e Rainha do Mar em Cabo Frio.
"Aposentei do alto rendimento, mas continuo treinando. Treino de alto rendimento e treino por hobby são duas coisas muito diferentes. Continuo malhando, correndo, mas pegar para fazer um treino igual antes fico exausta, não aguento. A gente perde muito rápido. Vou nadar o Rei e Rainha do Mar em Cabo Frio, então ainda estou nas competições, lógico que desempenho vai ser diferente, não dá pra exigir a mesma coisa, o corpo mudou muito. É absurdo o quanto você sente que seu corpo mudou, mas é que eu realmente não aguentava mais, já estava exausta".
Sobre a importância da homenagem recebida pelo Clube Bom Pastor, que destinou um espaço em sua sala de troféus para a atleta, ela comenta.
"Comecei minha carreira no Clube Bom Pastor. Na minha época o único clube que tinha de competição era ele. Eu comecei a nadar na Gold, fiz todos os níveis de natação que tinha lá e minha professora que era a Tia Carla, falou: "Ó Larissa é bora pra competir, coloca ela no Bom Pastor que lá tem natação competitiva. Cheguei aqui fiquei duas semanas treinando com o Sidinho e já me botaram na equipe. Até quando meu técnico, o Gerson, foi mandando embora do clube e eu fui junto com ele. Fiquei mais um tempo em JF, voltei a treinar no clube como sócia, mas com meu técnico, e em 2011 fui chamada pelo Pinheiros e fui embora. Para um esporte que não tem muito incentivo e não é valorizado essa homenagem dá uma incentivada. Na minha época eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Esse ato já incentiva, coisa pequena sabe, que faz a diferença na carreira de um atleta".
Larissa conquistou 10 medalhas em jogos Pan-Americanos, um ouro, três pratas e sete bronzes, três em mundiais, três ouro, e quatro em jogos Sul-Americanos, quatro ouros. Perguntada sobre qual a conquista mais inesquecível, ela relata.
" Acho que eu escolheria a do Pan-Americano individual, disputado em Lima em 2019. Nesse Pan que eu fui eu peguei sete medalhas, duas delas foram individuais que foram os 100m e 200m livre, que fiquei em terceiro lugar em ambas as provas. Escolheria essas, revezamento é muito bom você pegar medalha, mas foi você e mais três. Nas individuais não, foi eu, a Larissa, eu o tempo inteiro eu sozinha, e eu passei por tanta coisa até 2019. O primeiro Pan, em 2015, eu não sai satisfeita com meus resultados, a primeira Olimpíada em 2016 não gostei dos resultados, aí veio o acidente, em 2017. Quando você faz algo grandioso assim é especial, se eu tivesse que escolher escolheria por isso sabe? Tanto é que as fotos do Pan onde eu tô chorando no pódio é por isso sabe, quando você pensa "cara eu consegui". Tudo que deu errado até agora eu consegui superar e tô aqui".
Agora Larissa vai se aventurar pelas competições menores e amadoras, sem o peso do alto rendimento. Sobre trabalhar com a natação, agora nos bastidores, Larissa diz.
"Eu, Larissa, hoje não penso em fazer nada pelo esporte, por enquanto. Tô naquela fase tipo assim, eu amo, mas eu odeio, eu quero tá perto, mas não quero. Óbvio que se alguém chegar pra mim e pedir dicas, conselhos, com o maior prazer eu vou lá e vou ajudar, mas se alguém me pedir pra entrar em um comitê, ajudar o esporte, não. Ainda estou respeitando o meu luto sabe? Meio que é essa a sensação", finaliza Oliveira.
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