SANTOS, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Luan voltou ao Corinthians em dezembro de 2022 e soube pelo presidente Duilio Monteiro Alves que estava fora dos planos e que treinaria separadamente até rescindir o contrato ou conseguir um novo clube. Passados cinco meses, o meia-atacante segue no Parque São Jorge. Nenhum time quis o jogador e o time alvinegro não conseguiu acordo para encerrar o vínculo milionário em dezembro.
Em um primeiro momento, Luan não se assustou com o afastamento. Ele havia acabado de voltar de empréstimo sem nenhum brilho no Santos, mas acreditava numa oportunidade no Corinthians ou em outro lugar, de preferência no exterior. Na prática, porém, o ostracismo foi se confirmando e a ficha começou a cair.
Após algumas tentativas de rescisão de contrato, o Corinthians praticamente desistiu. A partir de março, começou a pensar em reintegrar Luan, mas não viu o empenho suficiente do atleta no dia a dia do CT Joaquim Grava. Ele parecia conformado com os treinos isolados e o salário de R$ 800 mil por mês na conta.
Em abril, Luan ficou fora da lista de 50 inscritos na Libertadores da América e viu pressão pública do presidente Duilio. O reforço de R$ 29 milhões começou a agir e tomou algumas medidas para tentar convencer o Corinthians ou outro clube a contar com ele para não precisar ficar até o fim do ano nos treinos sozinho entre cones e caixotes.
Começou a trabalhar fisicamente com a 4PERFORM, empresa de André Cunha que cuida do condicionamento de Gabriel Jesus, do Arsenal (Inglaterra). A nova rotina ocorre há pouco mais de um mês e complementa as atividades no centro de treinamento.
Cortou a bebida, mesmo aquela cerveja vez ou outra, e se concentrou em voltar a ser um atleta. Luan não foi mais visto em festas.
Conversou com seu estafe e tentou estreitar a relação com o Corinthians. O UOL ouviu que esse é o melhor momento entre seus empresários e os dirigentes alvinegros.
O Corinthians, mais flexível, liberou Luan para fazer "treinos de verdade". Ele não foi reintegrado de fato ao elenco principal, mas começou a participar de trabalhos com os não relacionados em viagens.
DUCHA D'ÁGUA FRIA
A chance da reintegração de Luan havia aumentado com a chegada de Cuca. O técnico estava disposto a conversar com o meia e estipular um planejamento para contar com ele no elenco.
Luan, animado, foi até a Neo Química Arena e viu a classificação diante do Remo, na Copa do Brasil. Ele até quebrou o silêncio nas redes sociais e compartilhou o pênalti decisivo de Róger Guedes no stories do Instagram. Horas depois, Cuca pediu para sair por causa da pressão pela condenação por ato sexual com menor em Berna, na Suíça, em 1987.
O noticiário apontou para três técnicos que conhecem bem Luan: Tite, Mano Menezes e Roger Machado. Roger, principalmente, seria um bom caminho para a nova chance, visto que projetou o jogador no Grêmio. O Corinthians ouviu "não" de Tite e Mano, desistiu de Machado e apostou no experiente Vanderlei Luxemburgo, de 70 anos.
Luan agora aguarda para saber se Luxa pode reintegrá-lo. O técnico, logo na primeira entrevista, afirmou que quer jogadores "com a intensidade que o futebol atual exige". O último jogo de Luan foi pelo Santos, em novembro. Pelo Corinthians, não atua desde janeiro de 2022.
POR QUE A RESCISÃO É TÃO DIFÍCIL?
A rescisão do contrato implica pagar os salários dos meses restantes, além de direitos e encargos trabalhistas. O Corinthians buscou acordo para pagar à vista uma parte dessa quantia milionária ou rescindir e o valor restante em parcelas. As opções não foram aceitas e a negociação esfriou. Não houve tentativa recente.
Luan sabe que pode viver uma realidade diferente em 2024 e não quer abrir mão da maior parte do que tem a receber. O Timão, pessimista, já admite pagar até dezembro e até por isso não descarta a reintegração.
No empréstimo em 2022, Luan recebeu R$ 100 mil do Santos e R$ 700 mil do Corinthians. Pessoas próximas entendem que ele não se dedicou completamente no Peixe por ter a maior parte do salário paga pelo Timão. Agora, a expectativa é de "acordar", seja no Alvinegro ou em outro lugar.
Os representantes de Luan, assim como o próprio jogador, evitam entrevistas e qualquer manifestação pública. Os empresários, porém, garantem que a prioridade é recuperar o espaço no Corinthians.
SILÊNCIO
Luan tem evitado qualquer polêmica durante esse período difícil no Corinthians. Torcedor alvinegro, ele entende as críticas e lamenta não ter dado certo no clube do seu coração.
O jogador foge de entrevistas e toma cuidado com as suas redes sociais. O post no feed mais recente foi em agosto, quando acertou com o Santos. Ele limitou comentários e fotos marcadas e pede para amigos não o mostrarem nas redes.
Luan raramente aparece em ambientes públicos. Ele vai a poucos encontros e festas privados e não tem bebido. Em Santos, por exemplo, organizava "baladas próprias" em um condomínio fechado ou em lanchas. Em São Paulo, não tem tido essa prática.
Ele admite que já cometeu erros e não cuidou bem da sua carreira, porém, não gosta de ter a ida a festas relacionada com álcool ou drogas. Na apresentação no Santos, por exemplo, falou assim sobre o suposto histórico de noitadas no Corinthians: "Isso é mentira. Sou bem tranquilo e sempre fui transparente. Sempre me dediquei nos treinamentos".
A definição sobre o futuro do atleta deve ocorrer nas próximas semanas. Em silêncio, ele tentará dar uma guinada na sua carreira, de preferência no Corinthians de Luxemburgo.
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