MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Em uma apresentação de uma hora e meia a respeito das novidades para a próxima temporada, LaLiga, a organização responsável pelo futebol espanhol, falou de seu novo logotipo, das novas apresentações gráficas nas transmissões, das parcerias com EA Sports e Netflix, mas não citou o racismo uma única vez.

O evento nesta segunda (3), para o qual foram convidados dezenas de jornalistas e representantes de todos os clubes que fazem parte da entidade, deixou de mencionar aquilo que, há apenas 45 dias, acarretou enorme crise na liga e no futebol do país.

Após o jogador brasileiro Vinicius Junior ter sido chamado de macaco por uma torcida barulhenta em jogo em Valência, o assunto foi comentado pelo premiê da Espanha, Pedro Sánchez, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fez a Espanha discutir se é ou não um país racista.

Ao final do evento, a reportagem questionou o presidente da LaLiga, Javier Tebas, como a organização estava se preparando para combater o racismo na nova temporada. "Fomos à Justiça nove vezes e ao Ministério Público nos últimos dois anos. O que ninguém fez, certo? Mas esse ano queremos fazer alguns temas especiais nos estádios, principalmente com o racismo em geral e com o Vinicius Junior também", afirmou o cartola.

"E vamos ter alguns tópicos muito especiais, que não posso comentar muito publicamente, para tentar controlar esses 10, 20, 30 que fazem esses insultos racistas, para que não o façam e não voltem aos estádios."

Após a polêmica envolvendo o brasileiro, LaLiga divulgou que pediu poderes para punir clubes cujas torcidas se manifestem de forma racista. "Nós pedimos, mas estamos esperando. Mas veja, se não tivermos poderes, faremos tudo o que pudermos e sabemos como criar estratégias para evitar esses gritos e acho que vamos conseguir mesmo que não tenhamos esses poderes", afirmou.

A apresentação buscou marcar um momento de mudanças. "Começa uma nova era" e "Não uma mudança de símbolos, mas um símbolo de mudanças" foram os slogans marqueteiros repetidos diversas vezes pelos apresentadores.

A entidade mudou seu logotipo e a tipografia usada para escrever seu nome. "Não escrevemos LaLiga mais com letras minúsculas, porque não é para se sussurrar. LaLiga é para gritar, por isso agora usamos só letras maiúsculas", esclareceu um dos publicitários envolvidos na nova roupagem.

Uma parceria com EA Sports, que produz o videogame Fifa, mudou o nome do campeonato da primeira divisão, agora chamado LaLiga EA Sports, assim como o da segunda, LaLiga Hypermotion, sendo este último o nome de uma tecnologia usada nos consoles. Até este ano, as divisões se chamavam LaLiga Santander e LaLiga SmartBank.

A parceria também vai inspirar as transmissões de TV, com as animações exibidas na tela --para mostrar se um atleta está impedido ou a curva da bola em um lance de falta-- se aproximando do mesmo visual usado nos videogames da EA Sports.

A Netflix informou que fará uma série documental sobre o campeonato deste ano, a exemplo do que fez com a Fórmula 1 na série "Drive to Survive". Foram apresentados os novos aplicativos para celulares e a última versão da bola Puma Orbita para a temporada de 2023-24.

E foi anunciado, enfim, um acordo entre 14 clubes da primeira divisão para que os ingressos para a torcida visitante não ultrapassem EUR 30 (R$ 158) durante a temporada.


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