CAMPO GRANDE, MS (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul fez nesta quarta-feira (5) a reconstituição das etapas que levaram à morte e ao esquartejamento do jogador de futebol Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, 19. De manhã, o trabalho se concentrou na casa da ex-namorada, a estudante Rubia Joice de Oliver Luvisetto, 21, presa na segunda-feira (3) suspeita de envolvimento com o homicídio. Foi no local, segundo ela, que o rapaz teria sido morto a tiro.
A defesa de Rubia Luvisetto afirma que ela não teve envolvimento no crime. Pedrosa havia desaparecido na madrugada de domingo (2). Partes do corpo foram encontradas no rio Iguatemi em Sete Quedas (a 468 km de Campo Grande). O reconhecimento preliminar foi possível pela tatuagem no antebraço direito.
Equipes das polícias Civil e Militar fecharam a quadra da casa onde mora Luvisetto. Durante a tarde, a reconstituição seguiu para a zona rural, no trecho do rio onde as partes do corpo foram encontradas.
A reconstituição confronta a versão apresentada por ela e por Cleiton Torres Vobeto, o Maninho, amigo da jovem que também estava na casa quando o jogador foi morto. Ele prestou depoimento e está em liberdade. A polícia não informou o motivo de ele não estar preso nem se ele possui advogado --a reportagem tentou falar por telefone com o rapaz, sem sucesso.
A ex-namorada do jogador foi presa no dia 3, após se apresentar à polícia e contar que Pedrosa foi morto com tiro disparado por Danilo Alves Vieira da Silva, 19. A polícia não informou se ele é considerado foragido. A reportagem não conseguiu localiza-lo.
Inicialmente, Luvisetto foi indiciada por ocultação de cadáver. A estudante passou por audiência de custódia na noite de terça. Segundo o advogado Felipe Cazuo Azuma, como não há cela feminina em Sete Quedas, a suspeita foi transferida para Iguatemi, cidade vizinha.
Azuma apresentou documento à polícia informando que a estudante não participaria da reconstituição. Segundo o advogado, além do risco à integridade física dela, por conta da grande repercussão dos fatos, "existe inversão na investigação", com interpretação equivocada dos fatos.
"Minha cliente se apresentou à polícia, colaborou e foi presa; o que ela falou não foi levada em conta", disse Azuma.
O advogado também questiona o fato de o tratamento dispensado a Vobeto ter sido diferente: tanto ele quanto a sua cliente estavam na casa no momento do assassinato e ambos se disseram ameaçados pelo autor do disparo, mas apenas ela foi detida.
O ASSASSINATO
À Polícia Civil o rapaz disse que é amigo da jovem há nove anos. Na noite de sábado (24), foi a uma festa na cidade paraguaia de Pindoty Porá, na região de fronteira, e a encontrou no local.
Já de madrugada, foram para a casa dela. No dia seguinte, Vobeto aproveitaria uma carona para casa.
Neste ponto, as versões dos amigos são divergentes. Luvisetto disse que, ao sair da festa, deu carona para Vobeto e Silva. Já o rapaz alega que somente ele e a amiga foram para casa dela.
A moça diz ter sido a única a presenciar Silva matar o jogador. O suspeito é ex-namorado dela, com quem manteve amizade e tinha relações sexuais esporádicas. Pelo relato dela, os dois estavam dormindo no quarto quando foram acordados pelo jogador na casa, acendendo a luz e dizendo que ela era vagabunda.
Ela disse, então, que teria empurrado o atleta até a porta de casa para que fosse embora. Segundo seu relato, Silva chegou pelas costas, armado, e disparou um tiro em Pedrosa.
Nesse momento é que o amigo teria acordado.
Tanto Luvisetto quanto Vobeto dizem que foram ameaçados de morte por Silva, que exigiu que não contassem nada do que ocorrera a ninguém.
O rapaz ainda alega que foi obrigado a ajudar Silva na ocultação do cadáver. O corpo do jogador foi colocado na carroceira do carro da moça, e os dois homens seguiram até uma chácara, próxima da divisa de Tacuru (MS).
Lá, Vobeto diz ter presenciado o outro rapaz retirar Pedrosa do veículo e dar mais dois tiros na testa da vítima. Depois, sozinho, Silva teria empurrado o corpo para o rio.
O rapaz disse à Polícia Civil ter ficado surpreso ao descobrir que o jogador havia sido esquartejado, pois nega que isso tenha sido feito. Foi ele quem apontou o local onde a vítima foi jogada.
Na terça, o Corpo de Bombeiros encerrou as buscas pelos restos mortais de Pedrosa. Equipe formada por sete bombeiros, entre apoio logístico e mergulhadores, fez varredura em extensão de cerca de 180 km no Rio Iguatemi e nada foi encontrado.
Segundo a corporação, com o que foi encontrado já foi possível identificar a vítima e foi comprovada a materialidade do fato, ou seja, o homicídio qualificado. Os restos mortais foram levados para o IML (Instituto Médico Legal) de Ponta Porã.
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