SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Max Verstappen diz que só uma questão de ter o carro certo para que Lando Norris ganhe corridas. Lewis Hamilton diz que ele vai carregar seu bastão e manter a Inglaterra vencendo na F1. Norris desafia aquela máxima de que o piloto ou tem talento, ou tem dinheiro. Seu pai é milionário e isso o ajudou em seu caminho até a categoria máxima do automobilismo. Mas não comprou uma vaga. Norris entrou no programa da McLaren, foi provido, e agora está na mira dos rivais.

Foi Lando quem estabeleceu junto com o pai Adam, cuja fortuna ultrapassa 1 bilhão de reais, os limites de quanto o dinheiro o ajudaria. A família ajudou a bancar sua carreira até a Fórmula 2, algo distante da grande maioria das pessoas, já que uma boa vaga na categoria é calculada nos milhões de dólares. Também houve investimento em testes privados, incluindo com carros de F1, o que lhe deu uma boa base quando o piloto estreou na McLaren em 2019 aos 19 anos.

Mas Lando e Adam tinham decidido que o "paitrocínio" pararia por aí.

DINHEIRO DO PAI AJUDOU NA BASE. E PAROU POR AÍ

Norris chegou à McLaren como piloto contratado, e começou a fazer o próprio dinheiro. No time inglês, ele foi batido com certa facilidade pelo companheiro mais experiente Carlos Sainz nas duas primeiras temporadas, mas foi crescendo rapidamente.

Quando Sainz foi substituído por Daniel Ricciardo, trazido a peso de ouro pela McLaren, Norris respondeu com um campeonato extremamente consistente em 2021, deixando de pontuar em apenas duas provas. Na Rússia, esteve perto de vencer, mas optou por ficar na pista enquanto chovia e jogou a chance fora.

No ano seguinte, enquanto Ricciardo sofria com o carro, menos competitivo do que no ano anterior, Norris crescia ainda mais e foi o responsável por 76% dos pontos da McLaren.

Agora com o estreante Oscar Piastri ao seu lado, é o líder da McLaren e aproveitou bem as chances que teve na Áustria e na Inglaterra, com a evolução do carro e condições favoráveis a seu time para conquistar um quarto e segundo lugares.

Não coincidentemente, há tempos a Red Bull está de olho em Norris, que enfrenta decisões difíceis pela frente. Em fevereiro de 2022, ele assinou um contrato longo com a McLaren, com duração até o final de 2025. Naquele momento, o time era a quarta força com alguma margem, e tinha iniciado um processo de renovação da fábrica.

MCLAREN DEIXOU DE SER ATRAENTE NO MÉDIO PRAZO

De lá para cá, o cenário mudou bastante. O teto orçamentário adotado pela F1 em 2021 juntamente com regras que limitam o desenvolvimento aerodinâmico dos carros dependendo da posição no campeonato estão embolando as forças até mais rapidamente do que se previa.

No meio do pelotão, onde a McLaren ainda está, isso significa um sobe e desce de performance muito acentuado. Por mais que esteja fazendo um campeonato muito consistente, Norris só tinha pontuado três vezes nas oito primeiras provas.

A atualização da fábrica da McLaren acabou levando mais tempo do que se esperava inicialmente e o efeito do novo túnel de vento só é esperado para 2025. Este também é o último ano do regulamento atual de motores, e uma nova mudança na relação de forças é esperada para 2026.

A McLaren perdeu a chance de ser uma equipe de fábrica de alguma montadora. O time será cliente, ainda que não esteja definido de quem, e isso não é das melhores notícias agora que a unidade de potência voltará a ser um fator importante para a performance.

PARA ONDE NORRIS PODERIA IR?

Se a McLaren não parece uma boa opção a médio prazo para Norris sair da condição de "piloto rápido e consistente de meio de pelotão", qual seria? Volta e meia o inglês é elogiado por Helmut Marko, que confirmou um contato intermitente com o empresário do piloto, mas enfrentar um estabelecido Max Verstappen na própria equipe não parece uma ideia das melhores.

Lewis Hamilton diz que quer ficar por mais cinco anos no esporte, ainda que tenha mudado de ideia algumas vezes nas últimas temporadas. Mas, de qualquer maneira, George Russell já se colocou como a nova aposta da Mercedes. Já a Ferrari confia em Charles Leclerc (e não dá para confiar na Ferrari, com muitos problemas de comunicação e gestão, no momento).

Norris tem em Andreas Seidl alguém que o conhece e o recomenda para o projeto da Audi, mas é difícil saber o quão competitivos eles serão. Quem está despontando como o motor para ter no carro em 2026 é o Honda, parceira da Aston Martin. Talvez o melhor para Norris seria cavar uma vaguinha por lá.

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