SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao trocar o Paris Saint-Germain, da França, pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita, Neymar deixará de enfrentar as grandes equipes do futebol mundial naquele que deverá ser o último ciclo de Copa do Mundo do craque de 31 anos.

Serão duas temporadas no futebol saudita, pelas quais o brasileiro receberá 320 milhões de euros (R$ 1,7 bilhão na cotação de hoje).

O aspecto financeiro soa como a principal e talvez única vantagem do negócio, que ainda vai render cerca de 90 milhões de euros (R$ 487 milhões) ao PSG. No lado esportivo, além dos rivais mais qualificados no Campeonato Francês, Neymar também deixará para trás a chance de conquistar novamente a Champions League, principal razão pela qual os parisienses o contrataram, em 2017.

À época, o brasileiro queria sair da sombra de Lionel Messi no Barcelona ao mesmo tempo em que o clube da França buscava um reforço de peso para conquistar o título europeu pela primeira vez.

A busca por protagonismo do jogador, que mais de uma vez ao longo de sua carreira disse sonhar em ser eleito o melhor do mundo, parecia encaixar perfeitamente com as ambições do PSG. O casamento rendeu 12 títulos, mas não produziu o efeito esperado, sobretudo pelos fracassos na Champions.

O divórcio contou com o apoio de boa parte da torcida, que tomou as dores de Kylian Mbappé, outro astro do time, que já não se entendia mais com Neymar, conforme amplamente divulgado pela mídia francesa.

Sem clima para continuar no clube francês e sem propostas de grandes equipes da Europa, o brasileiro foi convencido por seu pai que ir para a Arábia Saudita seria sua melhor opção. A ideia dele, segundo o jornal L' Equipe, é voltar para a Europa aos 33 anos, na temporada que antecede a disputa do Mundial de 2026.

Até lá, o ciclo dele deverá ser bem diferente do que está acostumado. A começar pelo número de jogos por temporada. Enquanto o PSG fez 50 jogos no período de 2022/23, o Al Hilal disputou 38 duelos, quase 24% menos. O número dos sauditas inclui, ainda, três jogos da participação deles no Mundial de Clubes no qual acabaram com o vice-campeonato, após eliminar o Flamengo na semifinal e perder do Real Madrid depois.

A redução no número de jogos pode ser um aspecto positivo para Neymar, uma vez que ele conviveu com uma série de problemas físicos ao longo de sua trajetória na França.

Conforme registro do site Transfermarkt, o jogador foi desfalque em 119 jogos por causa de 28 problemas médicos, entre lesões musculares, fraturas ou desgaste físico.

As contusões também o prejudicaram com a camisa da seleção. Na Copa do Mundo no Qatar, ele sofreu uma lesão no tornozelo direito, que o tirou de dois jogos da primeira fase. Ele voltou bem nas oitavas de final, quando o Brasil venceu a Coreia do Sul e viveu junto com a equipe a frustração da derrota diante da Croácia, nos pênaltis, nas quartas de final.

O fracasso fez o camisa 10 colocar seu futuro na seleção em dúvida, embora ele ainda alimente o sonho de conquistar o inédito título.

Fernando Diniz, técnico do Fluminense que acumula a função de treinador da seleção brasileira até o meio do ano que vem, já avisou que conta com o jogador para a formação de seu plantel. Na sexta-feira (18), ele fará sua primeira convocação para as Eliminatórias --o Brasil estreia no dia 8 de setembro, contra Bolívia, no estádio Mangueirão, em Belém.

O comandante, porém, ainda não sabe a real condição física dele, afinal ele voltou aos gramados no dia 3 deste mês, após ficar cinco meses em recuperação de uma outra lesão no tornozelo direito.

Com tantos problemas físicos, faz tempo que ele não consegue nem sequer jogar, pelo menos, 38 partidas em uma mesma temporada, a exemplo do número registrado pelo Al Hilal em 2022/23. Com a camisa do PSG ele nunca conseguiu isso. A última vez foi pelo Barcelona, em 2016/17, quando fez 45 jogos.

Voltar a vestir a camisa do clube espanhol era, inclusive, o grande desejo do jogador, negociado pelo time catalão por 222 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão) há seis anos. Não houve acordo entre as partes.

No Barça, Neymar considera que viveu o melhor período de sua carreira, sobretudo quando ele fez parte do trio batizado de MSN, formado por Messi, Suárez e o brasileiro. Juntos, eles ganharam a Champions de 2014/15, entre outros títulos.

A transferência que levou o craque para o Barcelona rendeu 17 milhões de euros ao Santos, mas a equipe santista contesta o valor, sobretudo após uma investigação da Justiça espanhola apontar que o total pago pelo time espanhol teria sido de cerca de 88 milhões de euros.

Com esses números e caso se confirme o valor de 90 milhões de euros pagos pelo Al Hilal ao PSG, o atleta terá sido responsável por movimentar 400 milhões de euros (R$ 2,14 bilhão) com as três trocas de clubes de sua carreira.


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