RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - Último nome resistente sobre a permanência de Jorge Sampaoli, o presidente Rodolfo Landim cedeu à pressão e aceitou a saída do treinador argentino, que agora fica por detalhes de ser concretizada. A diretoria já sabia que ele não ficaria para 2024, mas costura o acordo para a saída imediata. Distante durante a decisão da Copa do Brasil, o dirigente saiu em silêncio no meio da crise.
Landim não esteve no vestiário do Morumbi depois da perda do título para o São Paulo e, portanto, não trocou palavras com jogadores ou treinador. Isso não tinha acontecido antes.
O presidente aumentou a presença no Ninho do Urubu no último mês, principalmente para respaldar o trabalho de Sampaoli e participar mais dos processos do futebol.
Ele chegou a ir cedo ao CT para tomar café da manhã com o comandante e conversar antes do primeiro jogo da decisão. No mesmo dia, os jogadores fizeram uma reunião sozinhos no Ninho para se cobrar sem a presença da comissão técnica.
Entretanto, no momento da derrota, o mandatário saiu em silêncio. Ele, Marcos Braz e Bruno Spindel decidiram pela saída do técnico de forma imediata ainda no estádio do São Paulo.
Rodolfo Landim foi o maior entusiasta de Sampaoli no Flamengo e, nos últimos tempos, se tornou o único. O argentino era o "técnico dos sonhos" do presidente.
Com o elenco de folga nesta segunda-feira, o treinador ficou aguardando o contato e se preparou para se reapresentar no Ninho nesta terça-feira junto ao grupo.
REFLEXOS POLÍTICOS
O próximo ano será eleitoral no Flamengo e, portanto, todos os movimentos ganham importância ainda maior. A saída de Sampaoli é um exemplo disso, se tornando questão de sobrevivência para Landim.
Pessoas nos bastidores acreditam que o presidente perdeu força nos últimos meses por uma série de fatores. Um dos principais são os resultados do futebol na temporada.
Durante a semana, Landim esteve em Brasília. Inclusive, durante o episódio da briga de Marcos Braz com um entregador em um shopping na Barra da Tijuca, o mandatário ainda estava na Capital Federal.
"Relatei ao meu chefe direto o ocorrido. Imagine meu chefe direto com agenda em Brasília, em lugares importantíssimos. E em lugares que são um canhão tem gente falando que fui para cima de um torcedor com vários seguranças. E em outros lugares que eu não estava com a minha filha e que a minha filha não estava no shopping. E eu tive que relatar ao meu presidente", disse Braz durante a coletiva para se explicar sobre a briga.
No dia da final, Landim teve um encontro com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, algo que também gerou reclamações de rubros-negros nas redes sociais.
O ÚLTIMO DISCURSO
Sem a presença de Landim, Sampaoli falou aos jogadores após a partida. Ele parabenizou o grupo pela competição que fizeram e pelo bom jogo no Morumbi.
O treinador usou o mesmo tom na entrevista coletiva. Para ele, o primeiro tempo ruim no Maracanã foi decisivo. Houve também alguns pedidos de desculpas, e o capitão Everton Ribeiro falou pelos jogadores.
Sampaoli falou, com outras palavras, que ele e o time não souberam se aproveitar ao longo desses cinco meses. Entretanto, não quis usar um tom de despedida ainda.
O Flamengo inicia nesta terça-feira a preparação para o jogo diante do Bahia, às 16h (de Brasília) do sábado, no Maracanã. A equipe tem um peso ainda maior por precisar garantir a classificação para a Libertadores depois das frustrações da temporada.
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