BRASÍLIA, df (folhapress) - André Fufuca (PP) mandou embora do Ministério do Esporte ou realocou para posições menos graduadas pelo menos oito pessoas da gestão Ana Moser, próximas delas ou ligadas ao PT.
O número sobe no mínimo para 13 se considerados também nomes, por exemplo, dos servidores de carreira que estavam na gestão da ex-ministra e não estão mais no ministério.
As decisões já tiveram suas portarias publicadas no Diário Oficial da União (DOU) ou foram comunicadas e têm como ponto de inflexão a chegada do novo secretário-executivo, Antonio Paulo Vogel, ex-número 2 de Abraham Weintraub no Ministério da Educação de Jair Bolsonaro (PL). Mais trocas devem acontecer em breve.
Deixaram seus postos nomes chamados para a pasta por Moser, que atuaram na equipe de transição de governo ou que foram indicados pelo PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dentre eles, estão ex-atletas como Marta Sobral, medalha de prata do basquete nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, e bronze em Sydney-2000, e Diogo Silva, campeão Pan-Americano de 2007 no taekwondo.
O primeiro nome será substituído por Iziane Marques, também ex-jogadora de basquete.
A Folha de S.Paulo entrou em contato com Fufuca, que não respondeu aos questionamentos da reportagem.
As mudanças acontecem menos de três meses após Lula trocar a chefia do Esporte durante as negociações com o bloco do centrão no Congresso.
No início de setembro, o petista decidiu tirar a Ana Moser, integrante do time que conquistou a primeira medalha olímpica do vôlei feminino brasileiro (bronze em Atlanta-1996), para colocar na pasta André Fufuca, deputado federal e do partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Na ocasião, Lula também trouxe para a Esplanada dos Ministérios outro deputado, Silvio Costa Filho (Republicanos), que passou a ocupar a cadeira de Portos e Aeroportos.
Então titular da pasta, Márcio França, no entanto, não foi mandado embora. Recebeu um novo ministério, o Empreendedorismo, pasta criada especialmente para acomodar as trocas.
Pouco depois, na tramitação do projeto de regulamentação das apostas esportivas, deputados turbinaram as verbas não só do Esporte, mas especialmente do Turismo, outra pasta envolta em negociações com o centrão.
A saída de Ana Moser do cargo foi marcada por protestos de movimentos esportivos e de esquerda, que criticaram tanto a saída de uma pessoa da área para alocar uma pessoa de fora, como também a troca de uma mulher por um homem.
Em seu tempo na pasta, Moser virou alvo de críticas do Congresso e de confederações esportivas, descontentes com os vetos de Lula na Lei Geral do Esporte, o que desgastou sua relação com parlamentares.
A primeira grande mudança que André Fufuca promoveu na pasta foi a chegada de Vogel e, desde então, pessoas da antiga gestão vem sendo exoneradas ou perdendo espaço na pasta, e mais trocas devem acontecer em breve.
Na última semana, a medalhista olímpica Marta Sobral, que em 2022 foi candidata a deputada federal pelo PT de São Paulo e acabou como suplente, foi comunicada que deixaria seu cargo.
Ela estava no comando da secretaria de alto desempenho do ministério e foi exonerada oficialmente pelo DOU nesta segunda-feira (27), junto com outros dois nomes de sua equipe.
Integrantes do governo federal disseram à Folha, sob anonimato, que também é esperada a saída do secretário nacional de futebol e direitos do torcedor, José Luiz Ferrarezi.
A decisão não teria acontecido ainda porque Ferrarezi estava em viagem oficial pelo ministério, acompanhando um torneio de futebol de salão na Bahia, mas pode ocorrer nos próximos dias, junto com outros membros de sua equipe trazidos por ele para a Esplanada.
Ferrarezi é filiado ao PT, partido pelo qual foi vereador na cidade de São Bernardo do Campo.
Dentre os nomes ligados a Moser, Fufuca também já exonerou Paula Oda, que cuidava da aplicação da Lei Pelé. Já o ex-atleta Diogo Silva, que era assessor especial e nome de confiança da ex-ministra, agora está como coordenador na secretaria de alto desempenho -o ex-coordenador de gabinete também foi realocado.
Ao menos outros quatro servidores de carreira que participaram da equipe de transição de Lula e que estavam na pasta também foram exonerados: o ex-chefe de gabinete da ministra, um assessor especial, um consultor jurídico e a secretária-executiva, Juliana Agate, cargo assumido por Vogel.
Agate foi secretária municipal da cidade de Araraquara, durante a gestão do petista Edinho Silva, que, por sua vez, é um quadro importante do partido, costuma cuidar de temas relacionados à área de esporte, integrou o grupo de trabalho da transição e chegou a ser cotado para ocupar o ministério.
Outro local que pode sofrer mudanças é a diretoria de infraestrutura, que cuida, dentre outras coisas, do Parque Olímpico da Barra da Tijuca (RJ), aparelho construído para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
Além destes, também já deixaram o ministério após a chegada de Fufuca a chefe da assessoria de comunicação que trabalhava com Ana Moser e a assessora de assuntos parlamentares.
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