SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Coreia do Norte disparou dois mísseis de cruzeiro nesta quarta-feira (17), informou o Ministério da Defesa sul-coreano. Os lançamentos ocorrem um dia após Washington e Seul realizarem manobras conjuntas em preparação para um grande exercício anual -que Pyongyang considera um treino para invasão.

Segundo as autoridades militares, os mísseis foram disparados em direção ao mar do Oeste (mar Amarelo) a partir de Onchon, na província de Pyongan do Sul, acrescentando que detalhes sobre os lançamentos, incluindo a distância de voo, estão sendo analisados junto com os EUA.

O último teste de armas do país havia sido feito em julho, quando o regime norte-coreano usou o que pareciam ser lança-foguetes. Vários exercícios militares foram executados desde o início do ano, incluindo o lançamento de um míssil intercontinental com capacidade nuclear -o primeiro desde 2017.

EUA e Coreia do Sul têm alertado em várias ocasiões que o regime de Kim Jong-un está preparando o sétimo teste nuclear de sua história.

Nos últimos anos, os aliados reduziram os exercícios militares conjuntos devido à pandemia de coronavírus e como forma de diminuir as tensões com Pyongyang. Em junho, os dois países ameaçaram impor mais sanções e até rever a postura militar americana caso novos testes nucleares fossem realizados.

Nesta quarta-feira, poucas horas após o lançamento dos mísseis, o presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol disse que as conversas com o vizinho do Norte não devem ser para fins políticos, mas para contribuir com o estabelecimento da paz.

Em entrevista para marcar seus primeiros 100 dias no cargo, Yoon não chegou a mencionar os disparos, mas repetiu sua disposição de fornecer ajuda econômica caso o país se comprometa com a desnuclearização.

"Qualquer diálogo entre os líderes do Sul e do Norte, ou negociações entre oficiais, não deve ser um espetáculo político, mas deve contribuir para estabelecer uma paz substantiva na península coreana e no nordeste da Ásia", afirmou.

Apesar das declarações, as negociações em prol da desnuclearização pararam em 2019 e a Coreia do Norte disse que não abrirá mão de sua autodefesa.

Os recentes testes de mísseis revivem o debate sobre se o Sul deveria buscar suas próprias armas nucleares. Yoon diz estar comprometido com o TNP (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares), acrescentando que trabalha com os Estados Unidos para aumentar sua capacidade de dissuasão. "O TNP não deve ser abandonado e vou aderir a isso até o fim", disse.

Embora Pyongyang não tenha realizado um teste de mísseis há dois meses, no fim de julho, o ditador Kim Jong-un afirmou que o país estava "pronto para mobilizar" sua dissuasão nuclear diante de possíveis confrontos militares com Estados Unidos e Coreia do Sul.

O enfrentamento com Washington, disse, representa ameaças nucleares desde o conflito da década de 1950 e exige que o Norte realize uma "tarefa histórica urgente" para reforçar sua autodefesa.

Na ocasião, Kim também criticou o presidente sul-coreano, prometendo ser mais duro com o vizinho. "Falar sobre ações militares contra nossa nação, que possui as armas absolutas que eles mais temem, é absurdo e uma ação autodestrutiva muito perigosa", enfatizou.


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