SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Cantor e compositor, Marco Mattoli foi um grande entusiasta do samba-rock e um dos principais responsáveis pela retomada do movimento musical surgido nas décadas de 1960 e 1970 nas periferias de São Paulo.

O ritmo, que andava adormecido, ganhou fôlego com o surgimento do Clube do Balanço, liderado pelo músico.

"Ele sempre foi envolvido com música, desde criança, e nos últimos 20 anos, ele entrou para o mundo do samba-rock", afirma Linda Mattoli, filha de Marco.

Paulistano e filho de um casal de italianos, o cantor começou sua carreira musical nos anos 1990, quando criou o grupo Os Guanabaras.

"Ele fez parte de vários grupos até se encontrar na carreira do samba-rock e perceber que ele estava fazendo parte deste movimento que tem tudo a ver com a cultura negra paulistana", afirma a filha.

Segundo Linda, quando começou a gravar com Os Guanabaras seu pai não sabia exatamente que tipo de música estavam fazendo. "Ele participava de muitas coisas e uma característica dele era atrair diversos públicos, do rock, do samba, do rap. Até que em uma conversa falaram que o som dele era samba-rock".

Em 1997, Mattoli lançou o disco solo "Balanço é coisa rara", e, em 1999, fundou a big band Clube do Balanço.

"Desde então ele passou a explorar e reconstruir esse cenário do samba-rock, resgatando pessoas que fizeram parte do primeiro movimento e regravando com elas", afirma Linda.

No início dos anos 2000, o grupo começou a tocar na Vila Madalena, levando para o bairro boêmio de São Paulo muitos jovens negros de bairros mais afastados da região central da capital paulista.

Mattoli e seu Clube influenciaram dezenas de outras bandas que surgiram na esteira do sucesso que o samba-rock obteve nas noites paulistanas. O movimento correu a cidade com bailes em todas as regiões e em municípios da Grande São Paulo.

As academias de ginástica e dança também passaram a colocar em sua programação aulas para quem quisesse aprender a dançar o ritmo.

Além de shows internacionais, o Clube do Balanço gravou com artistas consagrados como Seu Jorge e Erasmo Carlos.

Com a big band foram cinco álbuns lançados. Além de músicas próprias, o grupo também regravou canções de Jorge Ben Jor e produziu versões de grande sucesso, como o hit "Paz e Arroz".

Militante do samba de São Paulo nos últimos anos Mattoli fundou o selo Mundaréu Paulista, com o objetivo de promover o ritmo e os compositores surgidos por aqui.

Grande fã do ícone do samba paulistano Geraldo Filme, Marco Mattoli se aventurou em sair um pouquinho do samba-rock e lançou o "Samba do Marcos", álbum com várias músicas de sua autoria.

"Com o Clube do Balanço, ele tinha esse projeto com o samba-rock, mas nos últimos tempos começou a se aventurar na raiz do samba paulista", lembra a filha.

No último dia 7 de agosto, Marco Fábio Mattoli morreu, aos 57 anos, depois de um infarto. Ele deixa a filha, Linda Mattoli, a companheira, Bethania, duas irmãs, Laura e Paula, e muitos amigos que vão ficar com saudades.


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