SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - Ao menos 66 pessoas morreram e outras 12 estão desaparecidas depois de um terremoto e magnitude 6,8 no sudoeste da China. O fenômeno atingiu a província chinesa de Sichuan ontem e foi considerado o mais forte na região desde 2017. Bombeiros e militares trabalham na busca de sobreviventes entre os escombros. Calcula-se que o fenômeno deixou ainda 250 pessoas feridas.
O tremor foi registrado às 12h52 (1h52 de Brasília) no município autônomo tibetano de Garze e no condado vizinho de Shimian. O epicentro foi na cidade de Luding, disse o centro de terremoto da China, nas montanhas, a cerca de 226 km a sudoeste de Chengdu.
O canal estatal CCTV informou que mais de 11 mil pessoas foram retiradas de áreas com risco de deslizamentos de terra. Também foram danificadas sete usinas hidrelétricas, segundo o ministério de Recursos Hídricos.
"Todo mundo está em barracas instaladas pelas equipes de resgate e pelo exército, disse à AFP por telefone Chen Ling, que administra um restaurante na cidade de Moxi, um dos pontos mais afetados.
"É mais seguro estar aqui, porque ainda há tremores secundários e as telhas podem cair facilmente dos prédios. A energia elétrica foi cortada, mas trouxeram geradores", explica a mulher, que espera ficar no local "provavelmente de 10 a 15 dias."
A CCTV também informou que quase 200 pessoas estão bloqueadas no vale de Hailuogou, uma zona turística de geleiras que fica a mais de 2.850 metros de altitude.
Algumas estradas, que viraram ruínas ou foram divididas pelo terremoto, não podem ser utilizadas, o que obriga as equipes de emergência a atravessar rios por pontes improvisadas ou com cabos posicionados entre as duas margens.
Laura Luo, que mora em Chengdu, uma cidade de cerca de 21 milhões de pessoas, estava a caminho de seu bloco de apartamentos quando viu pessoas saindo correndo dos prédios em pânico depois de receberem alertas de terremoto em seus telefones.
"Muitas pessoas ficaram tão aterrorizadas que começaram a chorar", disse a consultora internacional de relações públicas à Reuters. "Todos os cães começaram a latir. Foi realmente muito assustador", afirmou, sobre o início do terremoto.
Militares mobilizados
O exército chinês anunciou na segunda-feira que enviou uma equipe especial para socorrer a população.
De acordo com a CCTV, mais de 6.500 pessoas foram mobilizadas como parte das equipes de resgate. O terremoto também foi sentido em edifícios na capital provincial de Chengdu, onde milhões de pessoas estão em confinamento por um surto de covid, e na grande cidade de Chongqing.
"Escutei um barulho muito alto. A casa sacudia tão forte que acordei na mesma hora", disse ao jornal Beijing News uma moradora do condado de Lu, identificada apenas como Zheng. "A casa do meu irmão desabou. A casa dele é antiga, construída há mais de 10 anos. A minha é nova, a situação é melhor", explicou.
Depois do terremoto, a zona registrou ao menos 10 tremores secundários de 3 graus de magnitude ou superiores, de acordo com o Centro Chinês de Redes Sísmicas.
O presidente Xi Jinping fez um apelo na segunda-feira à noite para que o país faça "todo o possível para ajudar as pessoas afetadas e minimizar as perdas humanas", informou a agência oficial Xinhua.
A meteorologia prevê chuvas para os próximos dias na área mais afetada, o que pode complicar as operações de resgate.
ÁREA INSTÁVEL
Os terremotos são comuns na província de Sichuan, no sudoeste, especialmente em suas montanhas a oeste, uma área tectonicamente ativa ao longo da fronteira leste do planalto Qinghai-Tibetano.
Em junho, um tremor de 6,1 de magnitude atingiu a província, deixando quatro mortos e dezenas de feridos. Em maio de 2008, um terremoto de 7,9 de magnitude provocou a morte e o desaparecimento, no total, de 87 mil pessoas.
A catástrofe gerou comoção nacional. Entre as vítimas estavam milhares de alunos, que morreram no desabamento de uma escola. Na época, a polícia prendeu militantes que buscavam divulgar o número exato de crianças mortas no desastre.
PRORROGAÇÃO DO LOCKDOWN
Cidade de 21 milhões de habitantes, Chengdu prolongou neste domingo (4) o lockdown da população depois da descoberta de novos casos positivos de Covid-19. Os moradores não podem sair de casa após 18h.
Na sexta-feira (2), os moradores da cidade enfrentavam dificuldades para encontrar produtos nos supermercados, que estão com as prateleiras vazias.
A China é a última grande economia a aplicar a política de "covid zero", combatendo o vírus por meio de bloqueios e testes em massa, além de longas quarentenas.
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