SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse nesta quarta-feira (21) não acreditar que o mundo permitirá que a Rússia use armas nucleares na guerra em seu país. A declaração vem horas depois de seu homólogo russo, Vladimir Putin, anunciar que está disposto a usar armas nucleares se necessário e decretar a mobilização de até 300 mil reservistas para o conflito.

Semanas antes do início da invasão russa, é bom lembrar, Zelenski disse que não acreditava na possibilidade de uma guerra em seu país.

Em mensagem enviada à agência de notícias Reuters, Mikhailo Poliak, conselheiro de Zelenski, disse que o anúncio do Kremlin é "absolutamente previsível" e também o associou às recentes derrotas de Moscou no conflito -nas últimas semanas, Moscou sofreu derrotas importantes na Ucrânia e perdeu a região de Kharkiv.

"A guerra claramente não está indo de acordo com o cenário da Rússia e, portanto, exigiu que Putin tomasse decisões extremamente impopulares para mobilizar e restringir severamente os direitos das pessoas", afirmou.

Seja como for, o anúncio do Kremlin causou palavras de indignação e ações de alerta no Ocidente. A Lituânia, por exemplo, elevou o nível de prontidão de seu Exército. Vilnius teme que a guerra se estenda para Kaliningrado, território russo que faz fronteira com o sudoeste do país. "A Lituânia não pode apenas assistir", escreveu no Facebook o ministro da Defesa do país, Arvydas Anusauskas.

A União Europeia, por outro lado, ainda não formou consenso sobre como reagir ao anúncio de Putin. O vice-chanceler alemão, Robert Habeck, disse que a mobilização é um "outro passo ruim e errado da Rússia" e que a Alemanha discutirá sobre como responder.

Já a Holanda minimizou a declaração e disse que se trata de um sinal de pânico do líder russo. "Sua retórica sobre armas nucleares é algo que já ouvimos muitas vezes antes e isso nos deixa indiferentes", disse o primeiro-ministro holandês Mark Rutte. "Tudo faz parte da retórica que conhecemos. Aconselho manter a calma."

Bridget Brink, embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, também minimizou a medida e disse que "referendos falsos e mobilização são sinais de fraqueza e de fracasso russo". Ela se refere aos planos do Kremlin de apoiar referendos em quatro áreas do país vizinho controladas por separatistas ou por forças russas.

Até a publicação deste texto, as palavras mais duras ficaram por conta do papa Francisco, que chamou de loucura a possibilidade do uso de armas nucleares na guerra. Para o pontífice, os ucranianos estão sendo submetidos à selvageria, monstruosidades e tortura. Ele não citou diretamente o presidente russo em seu discurso.


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