SÃO APULO, SP (FOLHAPRESS) - Milhares de pessoas protestaram nesta segunda-feira (26) nas principais cidades da Colômbia contra um pacote de medidas proposto pelo presidente Gustavo Petro, como o aumento dos impostos para os ricos e a reforma agrária, apenas 50 dias depois de ele assumir o cargo.

Em Bogotá, os manifestantes se mobilizaram pelas ruas do centro e se concentraram na Praça Bolívar, ao lado da sede do governo, aos gritos de "fora Petro!". Atos pacíficos também tomaram as ruas de Medellín, Cali, Bucaramanga e outras capitais.

Petro se tornou o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia ao conquistar pouco mais da metade do eleitorado com propostas de reformas com o objetivo de aumentar os impostos sobre os ricos e frear a exploração de petróleo. Também propôs mudanças na saúde e uma reforma agrária que venderia propriedades para agricultores pobres a preços abaixo do mercado.

Para colocar em prática estas iniciativas, Petro formou uma coalizão legislativa majoritária com o apoio de vários partidos tradicionais -a sigla de direita Centro Democrático, encabeçada pelo ex-presidente Álvaro Uribe, lidera grande parte da oposição às suas propostas.

Petro pediu aos deputados que aprovem uma reforma tributária que levantaria US$ 5,6 bilhões para programas sociais no ano que vem, destinados a diminuir a pobreza. A reforma aumentaria os impostos sobre aqueles que ganham mais de US$ 2.259 por mês, cerca de dez vezes o salário mínimo.

Em uma rede social, o presidente afirmou que respeita o direito dos manifestantes de se expressarem

Também nesta segunda, Venezuela e Colômbia reabriram a fronteira para travessia de veículos de carga e de pedestres entre os dois países, após sete anos de fechamento parcial e três de fechamento total por divergências políticas, em uma cerimônia presidida pelo presidente colombiano e por delegados enviados pelo ditador venezuelano, Nicolás Maduro.

Em declarações à imprensa, Petro qualificou o fechamento como "um suicídio que não deve voltar a se repetir".

Caminhões voltarão a passar com carvão, café e alumínio para a Colômbia e alimentos processados e artigos de higiene para a Venezuela, entre outros, segundo as autoridades.

O primeiro caminhão decorado com uma bandeira venezuelana no capô e balões sobre a cabine cruzou da Venezuela para a Colômbia às 12h35 locais (13h35 de Brasília); 17 minutos depois, outro, exibindo a bandeira colombiana, atravessou em sentido contrário a ponte internacional Simón Bolívar, situada entre a cidade venezuelana de San Antonio del Táchira e a colombiana de Cúcuta.

Altos funcionários comentaram a possibilidade de que o ato propiciasse uma primeira reunião entre Petro e Maduro, mas o ditador venezuelano não esteve no evento. Não há data para esse encontro, disse o presidente colombiano, ao ser questionado por jornalistas -Petro cruzou a fronteira para o lado venezuelano para cumprimentar os delegados enviados por Maduro.

A reabertura da fronteira é um primeiro passo para que os países tentem recuperar um intercâmbio comercial que chegou a ser de US$ 7,2 bilhões anuais em 2008 e despencou para US$ 400 milhões em 2021. A passagem de carga ficará aberta entre 10h e 17h, e a de pedestres, entre 5h e 18h.

Venezuela e Colômbia também retomaram nesta segunda os voos diretos.

Um voo da pequena companhia área venezuelana Turpial reinaugou a rota Caracas-Bogotá. Inicialmente, a viagem seria feita por uma aeronave da estatal Conviasa, mas as sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela forçaram a substituição, segundo as autoridades colombianas.

Venezuela e o país vizinho retomam as relações diplomáticas após a chegada do esquerdista Petro ao poder na Colômbia, com a promessa de "normalizar" a fronteira binacional de 2.200 km, afetada pelo contrabando e a presença de grupos armados.

As relações haviam sido rompidas em 2019, quando o governo do então presidente Iván Duque reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela, em meio a questionamentos sobre a reeleição de Maduro, qualificada de fraudulenta por seus adversários.


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