SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Mohammed bin Salman (MBS), príncipe herdeiro da Arábia Saudita, foi nomeado primeiro-ministro nesta terça-feira (27) -o cargo é tradicionalmente ocupado pelo rei.

A nomeação foi publicada em um decreto assinado pelo rei Salman, pai do príncipe, sem que o documento especificasse um motivo. Em outro decreto, o monarca apontou o irmão mais novo de MBS, príncipe Khalid bin Salman, como novo ministro da Defesa. As outras pastas não sofreram alterações.

Com a escolha de MBS para o cargo de chefe do governo, o monarca dá prosseguimento à transferência gradual de poder no maior exportador de petróleo do mundo. MBS, na prática, já governava a Arábia Saudita, embora ainda não tivesse o cargo que ganhou nesta terça. Aos 37 anos, supervisiona o petróleo, a defesa, a política econômica e a segurança interna do país. Anteriormente, serviu como vice-premiê e ministro da Defesa.

O rei permanece como chefe de Estado e seguirá comandando as reuniões das quais participa, disse o comunicado. O monarca tornou-se governante em 2015 depois de passar mais de dois anos e meio como príncipe herdeiro. Com 86 anos, foi hospitalizado várias vezes nos últimos dois anos.

Desde que chegou ao poder em 2017, MBS mudou radicalmente a Arábia Saudita, liderando esforços para diversificar a economia da dependência do petróleo, permitindo que as mulheres dirigissem e restringindo o poder dos clérigos sobre a sociedade.

Suas reformas, no entanto, vieram junto com uma forte repressão à dissidência -ativistas, membros da realeza, defensores dos direitos das mulheres e empresários foram presos. Além disso, sua reputação foi manchada com o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado do reinado em Istambul, em 2018, prejudicando as relações do país com os Estados Unidos, um importante aliado, e outros parceiros ocidentais.

Em julho deste ano, um processo de reparação foi iniciado, com a visita do presidente americano, Joe Biden, ao reinado, em uma viagem que ficou sob escrutínio público constante. O democrata havia chamado a Arábia Saudita de pária e criticado a situação local dos direitos humanos.

Em sua reunião com MBS, Biden disse ter confrontado o príncipe sobre o assassinato de Khashoggi e que acreditava que ele era pessoalmente responsável pela morte do jornalista.


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