GUARULHOS, SP (FOLHAPRESS) - Em medida inédita, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou nesta sexta-feira (7) a criação de um mandato para um relator especial sobre violações de direitos humanos na Rússia. O Brasil, no entanto, se absteve na votação em Genebra.
A moção, apresentada por quase 50 países -incluindo EUA, Reino Unido, Ucrânia e Colômbia-, obteve 17 votos favoráveis e outros seis contrários. Além do Brasil, abstiveram-se outras 23 nações, como México, Índia e Paquistão. Ao todo, 47 países compõem o conselho.
Trata-se da primeira vez que o colegiado abre uma relatoria especial para examinar a temática em um dos chamados "P5", países que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e, portanto, têm maior poder de barganha na organização -Rússia, EUA, França, China e Reino Unido.
À agência de notícias Reuters o embaixador britânico, Simon Manley, disse que a medida visa "não esquecer aqueles que lutam pela liberdade em casa, enquanto [Vladimir] Putin realiza opressão no exterior". Referia-se, respectivamente, à repressão contra russos contrários às medidas do governo e à Guerra da Ucrânia, iniciada em fevereiro.
Já o chefe da diplomacia russa em Genebra, Gennady Gatilov, afirmou durante a votação que o texto continua alegações falsas. "Esta resolução é mais um exemplo de como os países ocidentais estão usando o conselho para alcançar objetivos políticos", disse ele.
A votação nesta sexta ganha também feição simbólica. Horas antes, em Oslo, o prêmio Nobel da Paz foi concedido à organização de direitos humanos russa Memorial, pioneira no país, além do ativista belarusso Ales Bialiatski e do Centro para Liberdades Civis da Ucrânia.
O comitê norueguês do Nobel, como já havia feito na edição de 2021, que laureou o jornalista russo Dmitri Muratov, criticou a repressão posta em prática pelo governo de Putin.
O Brasil tem sido acusado de adotar posição de neutralidade em relação a Moscou, importante parceira comercial e aliada no Brics. Na última semana, o país também se absteve em uma resolução no Conselho de Segurança que condenava a anexação de partes do território ucraniano pela Rússia.
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