GUARULHOS, SP (FOLHAPRESS) - Mulheres estão na linha de frente do Centro para Liberdades Civis da Ucrânia, ONG ganhadora do prêmio Nobel da Paz 2022 ao lado do ativista da Belarus Ales Bialiatski e da organização russa Memorial.
De 13 membros de sua equipe, a ONG fundada em 2007 e projetada durante a Guerra da Ucrânia conta com 11 mulheres, de acordo com informações oficias. Entre elas a líder do grupo, a advogada Oleksandra Matvitchuk, e a diretora-executiva, Oleksandra Romantsova.
Com agenda voltada para a promoção dos direitos humanos na ex-república soviética, o centro ingressou na linha de frente das investigações sobre crimes cometidos desde o início da invasão russa, em fevereiro. Uma das frentes de atuação é o mapeamento de desaparecimentos forçados de ativistas e profissionais da imprensa.
A ONG compõe, por exemplo, o T4P -Tribunal for Putin, ou tribunal para Putin-, uma coalizão de 21 organizações de direitos humanos lançada em março para investigar, por meio de relatos, redes sociais e imagens e vídeos coletados, incidentes que possam configurar crimes de genocídio, de guerra ou contra a humanidade.
O banco de dados da aliança mostra que ao menos 21 mil incidentes que podem ser crimes de guerra foram documentados desde então, sendo a maioria no mês de março. Os principais alvos seriam prédios residenciais e a principal forma de ataque, por meio de bombardeio.
"O centro se empenhou em identificar e documentar crimes de guerra russos contra a população ucraniana", disse Berit Reiss-Andersen, do comitê noruguês do Nobel, ao anunciar os laureados nesta sexta (7).
A láurea, por óbvio, foi festejada pela equipe da ONG. Mas também serviu como janela de oportunidade para dar tração a críticas.
No Facebook, a líder Matvitchuk pediu que os Estados-membros da ONU decidam pela expulsão da Rússia do Conselho de Segurança, o mais alto colegiado da organização, que tem o país de Vladimir Putin como membro permanente -e, portanto, com poder de veto.
Ela exigiu também que as Nações Unidas abracem a responsabilidade de criar um tribunal internacional que julgue Putin e também Aleksandr Lukachenko, ditador da Belarus, por crimes de guerra.
Meus 20 anos lutando pela liberdade e pelos direitos humanos me mostram de maneira convincente que pessoas comuns têm muito mais influência do que pensam", escreveu a ucraniana. "A mobilização em massa pode mudar a história mundial mais rapidamente do que a intervenção da ONU."
E seguiu: "Se não queremos viver em um mundo onde as regras são ditadas por quem tem maior potencial militar, e não pelo Estado de Direito, o estado das coisas precisa mudar".
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