SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do Irã, o ultraconservador Ebrahim Raisi, foi alvo de um protesto de estudantes neste sábado (8), ao visitar uma universidade em Teerã e condenar as manifestações contra a morte da jovem Mahsa Amini, que chegam agora à quarta semana.
Nos últimos dias, centro de ensino têm se tornado um dos polos dos atos liderados por mulheres em prol dos direitos femininos.
Segundo ativistas e vídeos publicados nas redes sociais, as alunas gritaram "Raisi, vá embora" e "mulás, vão embora" durante a visita do presidente ao campus da Universidade Alzahra. Não está claro se o político soube disso, já que as palavras de ordem foram entoadas do lado de fora do auditório em que ele, em fala a professores e estudantes, recitou um poema em que equiparava manifestantes a moscas.
"O inimigo pensou que poderia conseguir seus objetivos malignos nas universidades, ignorando o fato de que nossos estudantes e professores estão vigilantes e não permitirão que os falsos sonhos do inimigo se tornem realidade", disse Raisi, de acordo a TV estatal. "Os universitários, sem dúvida, farão o inimigo fracassar."
Na guerra de versões, imagens divulgadas pela Presidência mostram o presidente cercado de alunas, todas com o hijab e a maioria sorridente, no palco do auditório da universidade. Nos últimos dias, atos a favor do regime também ganharam as ruas de Teerã.
O regime vem descrevendo a onda de protestos como uma trama urdida por Estados Unidos e Israel para desestabilizar Teerã e nega ter responsabilidade pela morte de Amini. Nesta sexta (7), o relatório de um legista se prestou a reforçar a versão oficial, apontando que a jovem curda tinha um problema de saúde preexistente que a fez desmaiar, levando a um quadro de falta de oxigenação no cérebro.
A família nega que Amini tivesse alguma questão médica e afirma que ela foi vítima de agressões por parte das forças de segurança. Ela havia sido detida pela polícia moral em Teerã por supostamente não usar o hijab, o véu islâmico, da forma correta, e morreu três dias depois, após entrar em coma.
O caso disparou uma onda de protestos, que miram também o líder supremo do país, Ali Khamenei, na maior demonstração de oposição ao regime em anos. Ante a repressão brutal, as manifestações já somam 154 mortes, segundo a organização Direitos Humanos no Irã, e milhares de detenções. Ao menos 20 agentes das forças de segurança também morreram.
Neste sábado, o grupo iraniano Hengaw disse que policiais atiraram contra manifestantes e usaram gás lacrimogêneo em atos nas cidades curdas de Saqez e Sanandaj. Na primeira, vídeos nas redes sociais mostram meninas cantando "mulher, vida, liberdade". Na capital do Curdistão, um homem teria sido morto com um tiro no abdome e outro, baleado depois de buzinar em sinal de apoio ao protesto.
As autoridades negaram à agência estatal IRNA terem usado munição real e afirmaram que os sujeitos foram "mortos por contrarrevolucionários", em referência aos ativistas.
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