SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Israel e Líbano chegaram a um acordo intermediado pelos Estados Unidos para resolver uma antiga disputa sobre fronteiras marítimas que pode desbloquear a exploração de recursos de gás na área, afirmou o primeiro-ministro israelense Yair Lapid nesta terça-feira (11).

Líbano e Israel ainda estão tecnicamente em guerra e não têm relações diplomáticas.

"É um marco histórico que fortalecerá a segurança de Israel, injetará bilhões na economia de Israel e garantirá a estabilidade de nossa fronteira norte", disse Lapid, em um comunicado.

Os Estados Unidos vêm atuando como mediadores há dois anos de uma tentativa de resolver a disputa fronteiriça entre os dois vizinhos de uma área do Mediterrâneo rica em gás.

O enviado americano, Amos Hochstein, apresentou uma proposta no início deste mês que parecia ter sido bem recebida por ambos os lados.

A Presidência libanesa havia dito anteriormente que a proposta final apresentada por Hochstein era "satisfatória para o Líbano" e que esperava anunciar os limites acordados "o mais rápido possível".

O acordo estabelece uma fronteira entre as águas libanesas e israelenses pela primeira vez e também um mecanismo para ambos os países obterem royalties de um campo de gás offshore que atravessa a fronteira. Não há nenhuma menção à fronteira terrestre compartilhada, que hoje é patrulhada pelas Nações Unidas.

O negociador libanês Elias Bou Saab disse à Reuters que o último rascunho "leva em consideração todas as exigências do Líbano e acreditamos que o outro lado deve sentir o mesmo."

O pacto também foi endossado pelo grupo libanês Hezbollah, fortemente armado e apoiado pelo Irã, que até recentemente ameaçou atacar instalações de gás israelenses, segundo dois altos funcionários.

De acordo com a imprensa local e com os responsáveis pela negociação, a proposta prevê deixar o campo de gás de Karish sob controle israelense e ceder ao Líbano outro campo de gás, de Qana, localizado mais a nordeste, ao Líbano.

No entanto, uma parte desse depósito ultrapassará a linha de fronteira entre os dois países, com a qual Israel levaria parte dos benefícios da exploração, indicaram essas fontes.

De qualquer maneira, a exploração de gás seria um grande benefício para o Líbano, que está atolado em uma gravíssima crise financeira desde 2019.

Em um contexto de escassez de gás na Europa devido à Guerra da Ucrânia, Israel quer iniciar a exploração no campo de Karish o quanto antes para exportar para o Velho Continente. No domingo, a empresa britânica iniciou testes para conectar este campo offshore com Israel.

Embora em um determinado momento os esforços de negociação parecessem ruir depois que Israel rejeitou emendas de Beirute, as conversas continuaram até que um acordo final fosse selado.

"Todas as nossas demandas foram atendidas, as mudanças que pedimos foram corrigidas. Protegemos os interesses de segurança de Israel e estamos a caminho de um acordo histórico", disse o principal negociador de Israel, Eyal Hulata, em nota nesta terça-feira.


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