SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Foi localizado neste sábado (15) o corpo do último mineiro soterrado em uma mina de carvão na Turquia, onde houve uma explosão na sexta-feira, anunciou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que foi ao local do acidente. Com isso, o número de vítimas fatais da tragédia chegou a 41.
"Nossa prioridade era encontrar os mineiros na galeria. Chegamos, finalmente, ao último. Ele também estava morto, o que eleva o número de óbitos para 41", declarou o chefe de Estado ao encerrar as operações de resgate 20 horas depois da explosão ocorrida na mina de Amasra, no noroeste do país.
Ao menos 28 mineiros ficaram feridos na explosão, segundo as autoridades locais. Ontem, o ministro do Interior, Süleyman Soylu, também esteve no local acompanhando os trabalhos durante a noite com vários membros do governo.
"Cinquenta e oito mineiros se salvaram, sozinhos ou graças a ajuda do resgate", informou Soylu.
O ministro da Energia, Fatih Donmez, disse que "o incêndio nas galerias está praticamente sob controle". Uma espessa fumaça cinza ainda emanava da entrada da mina, na manhã deste sábado.
A emissora privada turca NTV mostrou um dos mineiros resgatados. Com o rosto coberto de fuligem, ele se recusava a ser levado para uma ambulância: "Estou bem, quero ficar aqui para ajudar meus companheiros", dizia a vítima.
Em uma mensagem no Twitter, o presidente Erdogan anunciou uma exaustiva investigação: "Nossos órgãos judiciais investigarão em todas as suas dimensões este terrível acidente que nos devastou," escreveu.
O chefe de Estado também prometeu que o governo se encarregaria de "protegeria as famílias" das vítimas, cujos funerais já aconteciam na manhã deste sábado nas cidades vizinhas.
Erdogan, que está no poder desde 2003 e será candidato, deve visitar também alguns dos 28 feridos levados a um hospital em Istambul.
Uma noite de angústia
Na sexta-feira, os familiares dos mineiros feridos esperavam notícias na entrada da mina. Ambulâncias estavam prontas para cuidar de qualquer pessoa ferida. Uma mulher em estado de choque teve de ser retirada pelos serviços de emergência, enquanto outras rezavam apoiadas nas barreiras que cercavam o local.
Os próprios mineiros participaram do resgate o máximo possível: "Trouxemos os corpos dos nossos companheiros, é horrível para nós", disse um deles, entrevistado pela NTV.
"Nossas primeiras observações indicam que alguns de nossos amigos (mineiros) perderam a vida devido à alta pressão e ao calor causado pela explosão", disse o ministro da Energia.
Mais de 110 homens estavam dentro da mina no momento da explosão.
Solidariedade
"Não sei o que aconteceu", disse um dos primeiros mineiros a sair ileso das galerias por conta própria, à agência de notícias Anadolu. "Houve uma pressão repentina e eu não conseguia ver nada", disse ele.
De acordo com o governo local, uma equipe de mais de 70 pessoas conseguiu chegar rapidamente a um ponto do poço localizado a cerca de 250 metros de profundidade. O fogo parece ter começado várias horas depois.
O ministro da Energia, Fatih Donmez, disse que, de acordo com as primeiras observações, a detonação foi produzida por uma acumulação de grisu, um gás comum nas minas subterrâneas, composto essencialmente por metano.
O acidente provocou várias reações de solidariedade em relação à Turquia, incluindo a do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis. No Twitter, ele disse estar "triste" com o acidente.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky também ofereceu suas condolências, em turco, via Twitter, assim como o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O presidente russo, Vladimir Putin, enviou a Erdogan suas "profundas condolências".
Acidentes frequentes
Acidentes de trabalho são frequentes na Turquia, onde o forte desenvolvimento econômico da última década muitas vezes veio às custas das regras de segurança, principalmente na construção e na mineração.
O país já estava ciente disso em 2014, quando um acidente em Soma, no oeste do país, provocou a morte de 301 mineiros em uma mina de carvão, após uma explosão e um incêndio que causaram o colapso de um poço.
Sentenças de até 22 anos de prisão e seis meses foram proferidas pelos tribunais turcos contra cinco funcionários das minas, considerados culpados de negligência.
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