SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério da Defesa da Rússia disse neste domingo (30) que recuperou e analisou os destroços de drones que teriam sido usados para atacar navios de sua frota no mar Negro, e afirma que parte deles eram equipados com módulos de navegação canadenses.
A Rússia acusou o Reino Unido de fazer um ataque contra a base da Frota do Mar Negro na madrugada deste sábado (29). Além disso, afirma que forças britânicas organizaram as explosões que destruíram ramais do sistema de gasodutos Nord Stream, sob o mar Báltico, há um mês.
O Ministério da Defesa em Londres negou as acusações, classificando as alegações de "falsas em uma escala épica".
Autoridades russas afirmam que a frota do Mar Negro perto de Sebastopol foi atacada com 16 drones no início do sábado e que alguns deles eram equipados com módulos de navegação de fabricação canadense.
"De acordo com os resultados das informações recuperadas da memória do receptor de navegação, foi estabelecido que o lançamento dos drones aconteceu a partir da costa perto da cidade de Odessa", disse o ministério.
O órgão também afirma que os drones se moveram ao longo da zona de segurança no mar Negro que funciona como um corredor para escoar grãos antes de mudar de rumo para a base naval em Sebastopol, na região da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
Ainda segundo o ministério, um dos drones teria sido lançado de dentro da zona de segurança do próprio corredor de grãos, de "um navio civil fretado por Kiev ou por seus aliados ocidentais".
A Rússia afirma que repeliu o ataque, mas que os navios em questão estavam envolvidos na operação do corredor de grãos que usa o mar Negro como corredor para escoar produtos.
Alegando ser alvo de terrorismo, Moscou disse neste sábado (29) que irá suspender o acordo de exportação de grãos e fertilizantes ucranianos, vitais para a sobrevivência econômica de Kiev. A sua frota assegurava a passagem dos navios civis, antes bloqueados em seus portos, segundo acordo mediado pela Turquia e pela ONU em julho.
A ação permitiu que mais de 9.5 milhões de toneladas de grãos e outros alimentos fossem exportados da Ucrânia desde então. Sem esse estoque, especialistas alertam que o preço de alimentos pode voltar a subir no mundo e provocar fome.
Segundo informações do The New York Times, a Turquia fez contato com autoridades russas neste domingo para tratar da retomada do acordo.
Países e organizações internacionais continuaram a condenar a interrupção do acordo e alertar que seu fim tem como consequência o agravamento do quadro de fome mundial.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, adiou uma viagem para o encontro da Liga Árabe para se concentrar na questão, segundo informou o porta-voz Stephane Dujarric neste domingo. "O secretário segue comprometido em realizar contatos visando o fim da suspensão russa na sua participação do acordo."
A Otan também se manifestou pedindo que a Rússia reconsidere sua decisão e que renove urgentemente o acordo, "permitindo que a comida chegue àqueles que necessitam", disse Oana Lungescu, porta-voz da entidade.
No sábado, o gabinete do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, reagiu acusando a Rússia de "chantagem" e de ter "inventado ataques terroristas" em seu próprio território. A União Europeia pediu a volta do arranjo, que iria expirar em 19 de novembro.
Os Estados Unidos também reagiram, afirmando que a interrupção do acordo seria o equivalente a "transformar os alimentos em armas".
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