WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Se apenas os eleitores brasileiros expatriados votassem, o ex-presidente Lula (PT) teria uma vantagem um pouco mais confortável sobre Jair Bolsonaro (PL), mas ainda assim não o suficiente para vencer em primeiro turno, mostra a apuração das urnas fora do país.
Até as 23h11 deste domingo (2), com 97,1% das seções do exterior totalizadas, Lula tinha 47,4% dos votos fora (com 135,9 mil votos no total) enquanto Bolsonaro aparecia com 41,3% (118,4 mil).
Durante toda a corrida considerando apenas eleitores no exterior, Lula apareceu com vantagem confortável sobre o segundo lugar enquanto o TSE computava as urnas da Europa e da Ásia, que fecharam mais cedo devido ao fuso horário.
Em Lisboa, no maior colégio eleitoral fora do Brasil, com 45,2 mil eleitores registrados para votar, Lula venceu Bolsonaro com 61,55% contra 30,61%, quando 96,5% das urnas haviam sido contadas. Na capital portuguesa houve confusão: servidores da embaixada brasileira que trabalhariam como mesários em Lisboa entraram em greve, o que fez as eleições começarem mais tarde em alguns locais.
Além disso, um brasileiro que se identificou como eleitor de Bolsonaro driblou a fiscalização e votou duas vezes, o que levou à impugnação de uma urna eletrônica e à invalidação de 59 votos. Devido ao grande fluxo de eleitores, o horário de votação foi prorrogado e as urnas ficaram abertas até às 20h (16h de Brasília).
A vantagem de Lula também foi grande em cidades como Paris (77%) e Berlim (79,6%). Já em Nagoia, no Japão, com 35,6 mil eleitores registrados, Bolsonaro abriu larga vantagem, com 75,7% dos votos.
A vantagem de Lula no exterior diminuiu ao longo da noite, quando começaram a ser contados os votos dos Estados Unidos, região tradicionalmente mais afeita a Bolsonaro, com 183 mil brasileiros aptos a votar.
Em Miami, por exemplo, maior colégio eleitoral no país, com 40 mil eleitores registrados, Bolsonaro teve 74% dos votos, contra 16% de Lula, quando 89% das urnas haviam sido apuradas. Na cidade, um mar de pessoas vestindo verde e amarelo lotou o local de votação, e as filas chegaram a durar até 4 horas, segundo relatos de brasileiros. Em Boston, no segundo maior colégio, o atual presidente tinha 69,9%.
Dos maiores colégios nos Estados Unidos, só em Washington o petista apareceu à frente, com 45,55% dos votos, contra 41,65% do atual presidente. Na capital, as filas também levavam mais de uma hora no começo da tarde.
Mesmo sem ser obrigada a votar, Heirenice Bond, 73, fez questão de comparecer. "Há quatro anos eu votei no Bolsonaro. Agora sou Lula. Precisamos mudar esse governo péssimo", afirma ela, que vive no país há 38 anos e guarda todos os comprovantes das eleições em que votou no país.
A abstenção geral foi alta. Dos 697 mil eleitores registrados para votar fora do país, cerca de 300 mil votaram, em geral pelo fato de que muitos eleitores precisam viajar a outras cidades para poderem votar. Foi o caso da estudante Stella Polachini, 18, que vive em Amherst (Massachusetts), e foi a Framingham, cidade com alta concentração de brasileiros a 2 horas de distância, na região metropolitana de Boston.
"Resolvi viajar porque é importante votar para presidente, estou contribuindo para o país. Queria poder votar para senador e governador também", afirma ela, que ficou cerca de 40 minutos na fila sob 12°C. O clima foi tranquilo, relata, apesar de eventuais bate-bocas.
As eleições foram marcadas por longas filas e espera de horas para votar. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, responsável pelo envio e preparo das urnas eletrônicas, reconheceu que brasileiros enfrentaram dificuldades e dividiu a responsabilidade com o Itamaraty. "Infelizmente, nós tivemos problemas. Teremos que corrigir no futuro", afirmou o desembargador Roberval Belinati.
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