SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Exército de Libertação Nacional (ELN), conhecido como a última guerrilha da Colômbia, formalizou nesta terça-feira (4) em Caracas a retomada de negociações de paz com o governo do país. O diálogo havia sido suspenso em 2019 pelo ex-presidente Iván Duque e voltará sob Gustavo Petro, que assumiu o cargo em agosto e, no passado, integrou a guerrilha M-19.

As negociações serão reiniciada depois da primeira semana de novembro, segundo comunicado emitido pelas partes e lido após uma reunião na capital venezuelana -com quem Bogotá, já com Petro na Presidência, também restabeleceu relações diplomáticas.

Além da volta da chamada mesa de discussão, o texto relata a decisão de "retomar todos os acordos e avanços alcançados desde a assinatura da agenda de 30 de março de 2016", em referência à data de abertura das conversas de paz com o ELN.

"Vamos reiniciar sem modificar o que foi acordado", disse Antonio García, um dos comandantes do grupo. Segundo ele, as reuniões serão feitas em locais rotativos entre três países que seriam garantidores do acordo -Venezuela, Cuba e Noruega-, sem que tenha havido uma definição de onde a primeira rodada acontecerá.

Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia, reativou os contatos com o ELN logo após assumir o cargo, em 7 de agosto. As negociações entre as partes foram suspensas por Duque em 2019 após um ataque contra uma escola da polícia que deixou 22 mortos, além do agressor.

Desde então, delegados do ELN passaram esse período em Cuba, de onde partiram para a Venezuela no último domingo (2).

Na última quarta (28), Bogotá havia anunciado que pelo menos dez grupos armados do país, incluindo forças dissidentes das Farc e a facção criminosa Clã do Golfo, teriam concordado em aderir a um cessar-fogo unilateral.

As propostas são bandeira do recém-empossado Petro, que desde a campanha vinha prometendo buscar o que chamou de "paz total" com esses grupos, implementando integralmente um acordo de paz firmado em 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e estabelecendo novos acertos com outras guerrilhas.

Ao voltar da Assembleia-Geral da ONU, o presidente disse que "em uma questão de dias" deveria se abrir a possibilidade de um cessar-fogo, possibilitando o "início do fim da violência" no país.

A Colômbia acumula um conflito de seis décadas, que matou pelo menos 450 mil pessoas. Grupos armados ilegais contam com cerca de 6.000 combatentes em suas fileiras, segundo as forças de segurança, praticando extorsões, assassinatos, tráfico de drogas e garimpo irregular.

Petro, ele próprio um ex-membro da guerrilha urbana M-19, já afirmou que seu governo estaria disposto a oferecer penas reduzidas a membros de gangues que entregassem bens ilícitos e dessem informações sobre tráfico. "O escritório de paz está estudando mecanismos jurídicos para permitir a transição de grupos armados para o Estado de Direito", afirmou o alto comissário para a paz Iván Rueda.


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