SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reforçou o "compromisso ferrenho" de Washington com a defesa do Japão durante um telefonema com o primeiro-ministro Fumio Kishida nesta terça-feira (4), informou a Casa Branca.

A ligação entre os líderes ocorre horas depois de o Japão reportar o lançamento de um míssil balístico da Coreia do Norte, que teria sobrevoado seu território antes de cair nas águas do Pacífico, a cerca de 3.000 quilômetros da costa do país, sem a necessidade de interceptação.

Os dois líderes condenaram conjuntamente o teste do míssil e confirmaram que trabalharão em estreita colaboração com a Coreia do Sul e a comunidade internacional para coordenar uma resposta imediata e de longo prazo contra Pyongyang, disse a Casa Branca em comunicado.

"Eles [Biden e Kishida] resolveram continuar todos os esforços para limitar a capacidade da Coreia do Norte de apoiar seus programas ilegais de mísseis balísticos e armas de destruição em massa", afirmou o documento. A Casa Branca também chamou o teste de "desestabilizador".

Os EUA disseram ainda que vão pedir uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta quarta (5), na Coreia do Norte --uma decisão apoiada por Reino Unido, França, Albânia, Noruega e Irlanda. No entanto, China e Rússia afirmaram se opor ao encontro, argumentando que a reação do grupo deve ser voltada a aliviar a tensão na península coreana.

Não ficou claro se o conselho se reuniria publicamente ou a portas fechadas. Independente disso, qualquer ação significativa do órgão é improvável, dizem diplomatas.

Em resposta ao teste, aviões de guerra dos EUA e da Coreia do Sul praticaram bombardeios contra um alvo no Mar Amarelo e caças dos dois países realizaram exercícios conjuntos sobre o Mar do Japão, segundo militares dos EUA. Além disso, um jato da força aérea sul-coreana lançou bombas em um alvo na costa oeste do país, no que Seul chamou de demonstração de capacidade de ataque contra as provocações norte-coreanas.

Devido ao míssil, pela primeira vez desde 2017 Tóquio emitiu um alerta pedindo para parte da população buscar abrigo. "Por favor, vá para o interior de um prédio ou para o porão", avisou uma emissora de televisão japonesa. O governo também suspendeu o serviço ferroviário no norte do país e pediu a evacuação de parte da ilha de Hokkaido e da cidade de Aomori --é incerta a quantidade de moradores afetados pela decisão.

A Coreia do Norte foi proibida há anos de realizar testes nucleares e lançamentos de mísseis balísticos pelo Conselho de Segurança da ONU, que reforçou as sanções contra Pyongyang para tentar cortar o financiamento desses programas. O alcance do armamento que sobrevoou o Japão é estimado em 4.600 km, o mais longo percorrido por um míssil de teste norte-coreano, que geralmente é direcionado para o espaço para evitar voar sobre países vizinhos.

Falando a repórteres em Tóquio, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, classificou a atitude de Pyongyang de "imprudente" e "bárbara". O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o teste como um "ato imprudente" e uma violação das resoluções do Conselho de Segurança.

"Também é motivo de séria preocupação que a Coreia do Norte tenha novamente desconsiderado qualquer consideração por voos internacionais ou segurança marítima", afirmou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.

Este foi ao menos o quinto lançamento de Pyongyang em uma semana. A série se iniciou em meio à visita da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, à Coreia do Sul na semana passada. Na ocasião, a americana esteve na zona desmilitarizada que divide as duas Coreias --com 240 quilômetros de extensão, a área foi instituída na década de 1950-- e chamou a Coreia do Norte de "um país com uma ditadura brutal, com um programa ilegal de armas e com violações de direitos humanos".

Especialistas especulam há meses que a Coreia do Norte prepara um teste nuclear -o último ocorreu em 2017, um ano antes de Kim assinar uma vaga declaração que previa a desnuclearização da península coreana. Apenas neste ano, Pyongyang lançou ao menos 23 mísseis balísticos.


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