SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos nomeou nesta sexta-feira (18) um promotor independente para assumir investigações criminais contra o ex-presidente Donald Trump. Jack Smith será responsável por apurar possível uso indevido de documentos ultrassecretos da Casa Branca e o papel do republicano em relação à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro do ano passado.
A nomeação foi informada três dias após Trump anunciar pré-candidatura à Presidência para as eleições de 2024, numa decisão que procura também constranger investigações de que é alvo. De acordo com o o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, a indicação de um promotor especial para investigar temas delicados ao republicano se tornou necessária com o movimento dos últimos dias.
"A nomeação reforça o compromisso do departamento com a independência e a responsabilidade em assuntos particularmente delicados", disse Garland, segundo o jornal americano The New York Times.
O ex-presidente criticou a escolha e afirmou que a decisão do Departamento de Justiça é "política" e "injusta". Ao longo das investigações, Trump vem alegando ser vítima de perseguição e do que chama de "caça às bruxas".
Smith atualmente é procurador-chefe do Tribunal de Haia, que investiga crimes de guerra. Antes, ele supervisionou a seção de integridade pública do Departamento de Justiça dos EUA e trabalhou como promotor federal e estadual em Nova York.
Em comunicado, o procurador especial enfatizou o compromisso em conduzir investigações e quaisquer desdobramentos de forma "independente e de acordo com as melhores tradições do Departamento de Justiça". Ele prometeu avanços rápidos nos processos.
Segundo disse uma fonte sob condição de anonimato à agência de notícias Reuters, a Casa Branca não esteve envolvida na escolha. Após o anúncio, o presidente Joe Biden evitou responder a questionamentos sobre a nomeação.
Em agosto, agentes do FBI, a polícia federal americana, fizeram uma operação numa propriedade de Trump na Flórida para em busca de materiais que o ex-presidente levou da Casa Branca para a residência, incluindo caixas com documentos confidenciais.
Em fevereiro, o Arquivo Nacional da Casa Branca precisou mandar buscar na casa da Flórida do ex-presidente 15 caixas de documentos que haviam sido retirados indevidamente da sede do Executivo americano. Elas continham correspondências trocadas com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, entre outros papéis.
Trump foi acusado em diversas ocasiões de destruir documentos enquanto ocupava a Presidência para evitar investigações futuras.
Em outra frente contra Trump, autoridades investigam o envolvimento do republicano nos eventos que levaram ao ataque de 6 de Janeiro contra o Capitólio. O Departamento de Justiça tem ouvido, nos últimos meses, pessoas próximas ao republicano como testemunhas na investigação.
Na ocasião, uma turba de apoiadores insuflada pelo político invadiu o prédio do Capitólio buscando interromper a sessão de certificação da vitória de Joe Biden nas eleições. Trump alegava -e continua a fazê-lo hoje- que o pleito teria sido fraudado; a Justiça americana nunca encontrou nenhuma evidência de que isso pode ter ocorrido.
A investida sobre Trump é incomum na história recente dos Estados Unidos. Quando o também republicano Richard Nixon renunciou ao cargo de presidente em 1974 em meio ao escândalo de Watergate, recebeu do seu vice e sucessor, Gerald Ford, "perdão total, livre e absoluto por todas os crimes" que "cometeu ou possa ter cometido ou participado" durante o mandato.
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