SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, recebeu nesta quarta-feira (30) sua homóloga da Finlândia, Sanna Marin, em um encontro bilateral para estreitar laços estratégicos entre os dois governos e discutir temas como a resposta de seus países à Guerra da Ucrânia.

Um repórter local, porém, deu a entender que o que Ardern descreveu como "ocasião histórica" -por ser a primeira visita de um chefe de governo finlandês ao país- tinha acontecido por elas serem da mesma idade, o que despertou críticas de sexismo e uma reação das duas líderes em suas respostas.

"Muitas pessoas vão se perguntar: 'Vocês estão se encontrando porque têm idade semelhante e muitas coisas em comum ou os kiwis podem realmente esperar mais acordos entre ambos os países no futuro?", questionou um jornalista da rádio Newstalk ZB, durante entrevista coletiva na cidade de Auckland -kiwis é um apelido pelo qual os neozelandeses são conhecidos.

Ardern, 42, interrompeu a pergunta rapidamente. "Pergunto-me se alguém já questionou Barack Obama e John Key se eles se encontraram porque eram da mesma idade", disse ela, referindo-se ao ex-presidente dos EUA e ao ex-premiê da Nova Zelândia. "Nós, claro, temos uma proporção maior de homens na política, é a realidade. Mas duas mulheres se encontrarem não é simplesmente em razão de seu gênero."

Ela então descreveu as relações comerciais e as oportunidades econômicas entre os dois países, acrescentando: "É nosso trabalho promovê-las, independentemente de nosso gênero". Já Marin, 37, respondeu, rindo: "Estamos nos reunindo porque somos primeiras-ministras".

Dança em festa Alguns meios de comunicação neozelandeses criticaram a pergunta do colega, dizendo que se trata de "sexismo não tão sutil" ou "sexismo casual". O jornal britânico The Guardian, por sua vez, montou um vídeo intitulado: "As muitas vezes em que Jacinda Ardern enfrentou perguntas sexistas de repórteres".

Marin, que se tornou a líder de governo mais jovem do mundo em dezembro de 2019, também já enfrentou questionamentos por situações que geralmente não são debatidas no caso de políticos homens. Em agosto deste ano, por exemplo, ela foi criticada por dançar em uma festa num sábado à noite, após vídeos da celebração terem vazado nas redes sociais.

Marin teve que vir a público dizer que sua capacidade de desempenhar as funções oficiais permaneceu intacta e que teria deixado a festa se precisasse trabalhar. Ela também acabou fazendo um teste de detecção de drogas, com resultado negativo, após acusações de que havia usado substâncias proibidas na festa e pedidos de membros de sua coalizão de governo e da oposição.

Na época, mulheres de vários países se manifestaram nas redes sociais em solidariedade à primeira-ministra e divulgaram vídeos em que elas próprias aparecem dançando.


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