SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Presidente do Peru, Pedro Castillo, 53, que anunciou nesta quarta-feira (7) a dissolução do Congresso e o estabelecimento de um estado de exceção no país, está no poder há menos de dois anos.
Eleito em julho de 2021, ele era mais conhecido no país até o pleito por dois episódios: a liderança de uma greve nacional de professores, em 2017, à frente do Conare (Comitê Nacional de Reorientação), principal sindicato de professores rurais do Peru; e a rápida escalada até a primeira posição no primeiro turno da eleição.
À época, Castillo despontou com uma agenda esquerdista, simpática ao chavismo, e de propostas que visavam à refundação do país --entre as quais a criação de uma nova Constituição e o desmonte de instituições, como a Defensoria do Povo, considerada por ele um órgão corrupto. Pelo mesmo motivo, sempre defendeu uma reforma do Judiciário, postura reforçada no pronunciamento desta quarta.
Na política, ele estreou em 2002, lançando-se candidato a prefeito de Anguía, pequeno povoado na região de Cajamarca. Perdeu e nunca mais se candidatou, até o pleito presidencial de dois anos atrás.
Ainda que se alinhe à esquerda, Castillo compartilha com Keiko Fujimori, a rival derrotada em 2021, uma visão conservadora. É contra o casamento gay, o direito ao aborto e o que chama de "ideologia de gênero". Também disse na campanha rejeitar a entrada no país de mais refugiados venezuelanos, que, para ele, "roubam empregos dos peruanos".
Castillo nasceu em Tacabamba, na província de Chota, no norte do país. Na escola, à qual chegava depois de caminhar 2 km a uma altitude de mais de 2.000 metros, não era conhecido por se destacar nas disciplinas, diferentemente de quando ajudava o pai na colheita de batata e trigo. Quando se lançou à Presidência, ainda vivia em Chota, com a mulher e os dois filhos, dando aulas de espanhol e história para turmas do ensino médio e fundamental.
Trabalhou no mesmo colégio por 25 anos, e alguns de seus ex-alunos passaram a fazer parte de seu círculo oficial de segurança e coordenação política.
Com o pai, aprendeu a celebrar o general Juan Velasco Alvarado, ditador de esquerda que governou o país entre 1968 e 1975. Populista, distribuía terras, e uma delas foi parar na família de Castillo. Alvarado, um herói para muitos esquerdistas na década de 1970, tinha também outro admirador: o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez (1954-2013).
Se, por um lado, é conservador em relação a direitos civis, Castillo sempre defendeu a refundação do Estado e do modelo econômico do país. Desde a campanha falava em uma nova Constituição e dizia que, como fez nesta quarta, fecharia o Congresso caso houvesse oposição à proposta. Dizia também que a economia deve ser construída de "baixo para cima", mencionando, entre as áreas que podem ser estatizadas, a mineração -grande fonte de produtos de exportação do Peru.
De discurso com grande apelo a regiões rurais, Castillo assumiu dizendo que os políticos da capital, Lima, não sabem como a vida se desenvolve no interior e recorrendo com frequência ao período em que, segundo ele, recolhia lenha, cozinhava e não parava de trabalhar, salvo nos horários de ir ao colégio ou de dormir.
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