SÃO PAULO, SP (FOLHARPESS) - Dois dias depois de ser empossada pelo Parlamento, a presidente do Peru, Dina Boluarte, anunciou neste sábado (10) a formação de seu gabinete. A política, que assumiu no momento mais agudo de uma crise política crônica, vinha sendo pressionada para fazer as nomeações.

A expectativa era grande porque a equipe de ministros permitirá sentir o pulso da orientação do novo governo, estimando as possibilidades de que o país viva enfim algum período de estabilidade. Nos últimos dias, milhares de manifestantes têm saído às ruas para protestar contra a destituição do populista Pedro Castillo, que tentou dar um golpe de Estado na quarta-feira (7) --e acabou preso.

Dina indicou como seu primeiro-ministro Pedro Miguel Angulo Arana, ex-reitor do Colégio de Advogados de Lima, ex-promotor e especialista em combate à corrupção -ao ser oficializada presidente do país pelo Parlamento, Dina disse que o assunto seria a prioridade de seu governo. Arana tentou concorrer à Presidência em 2021, mas sua candidatura foi considera improcedente pela Justiça por questões burocráticas.

Neste sábado, a presidente também anunciou que Alex Contreras será nomeado para a pasta das Finanças, Ana Cecilia Gervasi Díaz para a chancelaria e César Cervantes Cárdenas para o Interior.

O novo gabinete ainda terá que receber um voto de confiança no Parlamento, em meio ao clima quente entre os Poderes. Castillo passou por esse processo ao menos quatro vezes e obteve a aprovação, mas sempre em sessões que se tornaram verdadeiras maratonas --e viu atritos com os congressistas derrubarem alguns ministros.

Mais cedo neste sábado, o chefe do Congresso havia pedido expressamente para que a nova presidente nomeasse logo seu gabinete, como forma de pôr fim aos protestos que pedem a antecipação das eleições --hipótese que, de resto, Dina disse não negar.

"A presidente da República deve tomar decisões céleres, como a formação de seu gabinete, e decisões imediatas para sair de certos apuros e gerar confiança e tranquilidade", disse José Williams. "Peço calma à população, tranquilidade. Olhar para as coisas de forma positiva."

Dina tinha dito na sexta que o mais provável era que indicasse seus ministros neste sábado. Estudantes, trabalhadores e partidos políticos de esquerda haviam convocado atos para o final da tarde, quando acabassem os jogos das quartas-de-final da Copa do Mundo. Bloqueios rodoviários continuaram pelo terceiro dia em regiões do sul, onde Castillo tem maior apoio.

Na sexta, manifestantes enfrentaram a polícia em Lima tentando chegar à sede do Congresso. Agentes usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a mobilização, que terminou com ao menos sete detidos e alguns feridos de ambos os lados, segundo a própria presidente.

Na quarta, Castillo promoveu uma tentativa de golpe de Estado, mandando dissolver o Congresso e decretando um estado de exceção. O movimento fracassou depois que o Parlamento ignorou as ordens e destituiu o político com uma moção de vacância --a terceira que foi analisada na Casa em 16 meses de mandato.

Preso, o ex-presidente foi transferido para a sede da Direção de Operações Especiais (Diroes) --mesmo centro em que está Alberto Fujimori, ditador que comandou o Peru de 1990 a 2000. A Justiça decretou prisão preventiva de sete dias para o politico, acusado dos crimes de rebelião e conspiração, que têm penas previstas de 10 a 20 anos de prisão.


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