SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As brasileiras Daniela de Oliveira e Alice Andrade, ambas de 26 anos, tentam voltar ao Brasil depois de ficarem dias presas na cidade de Andahuaylas, há cerca de 735 quilômetros de Lima, no Peru.

O objetivo da dupla era chegar em Cusco, para visitar a cidade de Machu Picchu, no dia 11. Elas tinham passagens compradas para o local no dia 16, mas já solicitaram cancelamento porque o parque está fechado devido às manifestações.

"Chegamos em Lima dia 4. Nem era para estarmos aqui nesta cidade. Viemos justamente porque tentamos fugir das manifestações, passando por cidades menores", disse Daniela à reportagem Só que a tensão na região aumentou e os protestos já chegaram próximo de onde elas estão.

Para conseguir chegar em Andahuaylas, as amigas usaram uma van local e caminharam por quase 12 horas. "Foram quase 12 horas de viagem, principalmente a pé. Saímos de Ayacucho com uma van, com alguns peruanos que nos ajudaram muito. Fomos para Chinceros, outra cidade pequena, e de lá quase todo nosso percurso foi a pé."

Além dela e da amiga Alice, não há outro estrangeiro na cidade. De acordo com ela, a direção de turismo de Andahuaylas é o único órgão que deu suporte nos últimos dias.

"Se não fossem os peruanos, nossa situação seria ainda mais delicada. Falamos com a Embaixada e eles pediram para a gente se manter segura até tudo passar, mas isso já está se tornando inviável. Nós só queremos voltar para o Brasil", desabafa.

De onde elas estão, é possível ver grupos de manifestante passando a cada duas horas. Barricadas nas estradas também impedem a passagem. Desde o dia 10, quando chegaram na cidade, elas estão em um hostel. Elas poderão ficar na acomodação até a situação se acalmar.

Inicialmente, o trajeto seria feito de ônibus, saindo dos terminais, afinal cada uma está com uma mochila de aproximadamente 10 quilos nas costas. "Não conseguiríamos fazer dois, três dias de caminhada para chegar a Cusco, como parte do grupo que estava na van fez."

MANIFESTAÇÕES NO PERU

Protestos feitos pelos apoiadores do presidente deposto, Pedro Castillo, já chegam a quase 50 mortos. Foram registrados bloqueios em estradas de 10 das 25 regiões do país. Manifestantes exigem a renúncia da atual presidente, Dina Baluarte, e antecipação das eleições.


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