SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Oficiais do Afeganistão parecem ter perdido seus selos de verificação no Twitter após protestos de usuários, que acusaram a rede social de servir como plataforma para o regime autoritário do Talibã no país.
Os selos costumavam ser uma forma da própria rede social autenticar perfis ativos considerados de interesse público. Desde a aquisição da empresa pelo bilionário Elon Musk, no entanto, qualquer um que assine o Twitter Blue pode receber um deles, pelo valor de US$ 8, ou cerca de R$ 40, mensais (US$ 11 ou R$ 55 no caso de adeptos do sistema operacional IOS). O serviço ainda não está disponível no Brasil.
Ao anunciar a novidade, Musk a tinha chamado de "grande niveladora". Mas seu lançamento gerou caos com o surgimento de dezenas de contas falsas autenticadas -incluindo das empresas do bilionário Tesla e SpaceX-, que levaram várias companhias a terem prejuízos financeiros reais. A opção de assinatura foi então temporariamente suspensa e retornou em dezembro com algumas modificações.
Nesta segunda (16), a BBC reportou que, entre os que se beneficiaram do Twitter Blue, estão dois oficiais do Talibã no Afeganistão: Hedayatullah Hedayat, chefe do departamento de acesso à informação do regime; e Abdul Haq Hammad, principal fiscal de mídias do país segundo a emissora. Somados, seus perfis têm cerca de 350 mil seguidores.
Na mesma data, Elon Musk criticou indiretamente a reportagem ao fazer um comentário sobre a rede britânica em seu perfil. "Parabéns à BBC por não esconder sua filiação estatal", escreveu -a emissora pública foi fundada pelo governo do Reino Unido há cem anos, e manteve o monopólio de rádio em seu território até 1972.
Já na terça, porém, as contas dos oficiais talibãs perderam os selos de verificação, não se sabe se por iniciativa da rede ou dos próprios usuários --nem a plataforma nem Musk se pronunciaram publicamente sobre o caso.
A Folha de S.Paulo questionou a assessoria de imprensa do Twitter sobre o ocorrido, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
O Talibã usa a plataforma de microblog para espalhar suas ideias há tempos, mas nunca tinha tido suas contas verificadas até o lançamento do Twitter Blue. O grupo fundamentalista islâmico tomou controle das contas do antigo governo ao retomar o poder no Afeganistão em agosto de 2021, duas décadas após ser deposto por uma coalizão militar apoiada pelos Estados Unidos.
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