SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Igreja Anglicana da Inglaterra anunciou nesta quarta (18) que irá manter a proibição ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Em vez disso, a principal instituição religiosa do Reino Unido aprovou uma proposta para permitir a realização de cerimônias com orações e bênção a casais LGBTQIA+

A proposta foi formalizada após seis anos de consultas sobre sexualidade e casamento. Desde 2013 o casamento civil homoafetivo é permitido na Inglaterra e no País de Gales. O texto anunciado pela instituição deverá ser debatido em um sínodo geral previsto para acontecer no mês que vem, em Londres.

Para esta semana, os bispos aprovaram a publicação de um pedido formal de desculpas às pessoas LGBTQIA+ pelo histórico de "rejeição e exclusão" dentro das igrejas, além dos impactos que os ambientes hostis eventualmente tiveram em suas vidas. Lideranças anglicanas serão orientadas ainda a pedir que todas as congregações recebam casais do mesmo sexo "sem reservas e com alegria".

A igreja enfatizou que, se aprovado, o texto não irá mudar o ensinamento conforme estabelecido nos cânones e na liturgia: que o "sagrado matrimônio é entre um homem e uma mulher por toda a vida".

O projeto prevê que casais do mesmo sexo possam ter direito a um culto no qual haveria "orações de dedicação, ação de graças ou pela bênção de Deus sobre o casal". A cerimônia seria realizada somente após o casamento civil para "refletir a diversidade teológica da igreja". As orações seriam voluntárias, o que sugere que os líderes religiosos poderiam optar por não oferecer tais bênçãos.

Embora a igreja tenha decidido manter a recusa de propostas que preveem casamento entre pessoas do mesmo sexo, o arcebispo de Canterbury Justin Welby, líder espiritual da igreja Anglicana, afirmou ser necessário tornar "público e inequívoco" a todos os cristãos que as pessoas LGBTQIA+ são bem-vindas e "parte valiosa e preciosa do corpo de Cristo".

"Mas não tenho ilusões e sei que a proposta parece ir longe demais para alguns e não o suficiente para outros", disse o religioso ao expressar o desejo de que a proposta seja recebida com "espírito de generosidade e busca do bem comum".

A Igreja Anglicana da Inglaterra, fundada em 1534, está dividida há anos sobre como lidar com os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e como acolher ativistas LGBTQIA+ que lutam pelos mesmos direitos dos cristãos heterossexuais.

Nos últimos tempos, a instituição tem passado por transformações. Passou a ordenar mulheres ao sacerdócio em 1994 e bispas em 2014. Na semana passada, a Igreja Anglicana pediu desculpas pelos vínculos econômicos de uma de suas organizações com a escravidão.

A Igreja da Inglaterra é a matriz da Comunhão Anglicana, que reúne 85 milhões de adeptos em 165 países.


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